Você que me lê, me ajuda a nascer.
segunda-feira, agosto 25, 2008
Es-crever.
Escrever, escrever pra ter coragem de continuar. Por que tem tanta coisa que dói no peito, e a palavra se apresenta como salvação, solução, suporte, forte, morte. Acontece tanta coisa, e eu já disse isso aqui, eu esqueço de escrever por que estou vivendo a vida, é quando abraço um amigo e ele sem jeito me dá um beijo no pescoço, me olha no olho e me diz que ainda posso continuar, se escrever eu posso ficar aqui, nesse mundo, sem medo, de cara aberta e pronta pro novo, pra nova vida que todos os dias quando a gente acorda nos espera detrás dos olhos fechados.
Tem criança, tem doce, tem sonho, tem pão, tem chão, tem saudade, tem desejo, vontade. Nessa caminhada tem gentes, comidas, cheiros, solidões, sabores, dores, padeceres todos dos mundos todos das pessoas que passam, eu também passo, eu descobri que passo, às vezes repasso, isso às vezes dói, dói saber, dói viver, mas continuemos. Por que tem coisas que só eu posso dizer, então tenho que vir aqui, escrever, dia cinza de domingo e eu que continuo empinando meu cabelo. Doa a quem doer.
Gosto da multidão, mas gosto da solidão, gosto de mim depois que aprendi a me descobrir, gosto de você, que é parte de mim, gosto dela, que não sabe quem eu sou, gosto dele, que não respondeu meu alô, gosto de escrever, de ser nas palavras, de brincar de enfeitar a vida, a palavra como penduricalho da realidade, ela enfeita nossa invenção cotidiana, ela atesta nossa dessabedoria da vida, ela resume nossa impossibilidade de dizer todas as coisas, tem o olhar, a dança, a música, a pintura, o cinema, todas as coisas inúteis que inventamos para seguir na vida, inúteis coisas sem as quais não vivemos, posto que a vida não tem utilidade para ninguém, assim como a arte, a música e a pintura. A vida é, a vida não se ocupa de adjetivos, a vida é verbo, a vida é palavra, e eu volto dizendo tudo que eu disse, por que escrevo, escrevo.
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Eu falo pros moços pretos, não sei se eles me ouvem, já fui mulher e sei, mulher branca acha que namorando com preto está por cima da carne seca, mulher é discriminada por ser mulher, né, mas tendo um namorado preto a idéia da branca é que pelo menos ali ela é quem manda no pedaço, coisa que quando ela topa de frente com um namorado branco ela não sente, tem o lance do fetiche sexual, mas é mais que isso, e a menina preta com um moço branco, tem mais coisas, coisas que vocês já sabem, descubram o que é o amor, por que talvez o que disseram pra tu que era amor esse tempo pode ter sido só colonização mental.
Radical, eu?
Nada, sou negra. Essas coisas eu não vi, eu não li, eu sou, eu sinto, na pele.
O que pega é que quanto mais o tempo passa mais exigente você fica e não aceita um moço te dizendo certas coisas, isso eu vim conversando com uma nova amiga, é aquela pessoa que tu sabe que se ela quiser ela vai ser tua amiga até o fim da vida, velhinha, falando de coisas como negritude, cinema e educação. Poesia.
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2 comentários:
Agora sim: Migh de novo!
Daqui a pouco tem mais Migh.
Ehe.
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