Você que me lê, me ajuda a nascer.
quinta-feira, abril 24, 2008
Tantas palavras.
Na biblioteca da escola, uns livros e revistas velhas pra doação. Bato o olho numa revista chamada Raiz, achei interessante, nunca tinha ouvido falar, por isso talvez não queria saber. Levei, peguei. De cara li Jorge Mautner, Eduardo Coutinho (suspiros), segui folheando. A proposta da revista é falar da cultura brasileira. Resultado: em quase 100 páginas de revista, nenhum branco. Aha, isso me fez lembrar que quando a Revista Raça surgiu, muita gente veio a público dizer que era uma revista racista.
Na Raça só tem preto
É, mas na Caras só tem branco, aha, ninguém viiiu? Racismo a brasileira, a brasileiraaaaa/ vixe mainha
Críticas a revista Raça à parte, críticas essas que nós negras e negros podemos perfeitamente fazer, a revista tá aí, mesmo escondida lá no fundo da banca de jornal, tu pede a do mês e a moça pega banquinho pra pegar lá na prateleira de trás, ô vida.
Pois bem, fucei e encontrei o site da revista, tá aí
www.revistaraiz.com.br
Imaginei que a revista não existia mais, primeira edição em outubro de 2005 e ainda tão atual, tão gostosa de ler. De uma pequena frase tu extrai o espírito da revista. Comentando do funk carioca, dizem
Vem do Morro do Vidigal, de onde se tem uma vista maravilhosa do Rio
Oras bolas, onde é que tu já viu falar que dos morros se têm visão bunita de Rio de Janeiro? Já ganhou meu coração, mas aí fui lendo mais e me apaixonando, Bravo perde feio, fica no chinelo. Coisa boa e gostosa de ler, sem presunção ou imitação, sem texto igualzinho, chapado, enjoado, enojado. Falam de tudo um pouco, e mesmo sem tanta grana como revista da Editora Abril, faz um panorama da cultura brasileira dos quatro cantos do país (na mesma revista, estados como Bahia, Sergipe e Maranhão são bem lembrados). Pronto. Já vendi o peixe. Acessem, comprem, até por que não é tão cara, leiam, degustem.
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E sabe o que mais? Eu queria ter um trabalho só pra mudar as célebres frases do mundo. Como essa do Câmara Cascudo, que diz
O melhor do Brasil é o brasileiro
E eu
e a brasileira, caçamba
Eu me divirto quando lembro que uma aluna minha se recusava a usar o crachá de monitora do recreio por que a diretora tinha escrito monitor. Foi lá e rebeldemente pôs um a. Devia ter tirado uma foto. Devia também ter registrado quando um outro aluno leu escravizado ao invés de escravo, como estava escrito, quando viu a representação de um numa revistinha.
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Eu não canso de amar o Coutinho. O Eduardo, 77 anos e seis maços de cigarro por dia. Disse
vou continuar filmando enqunato não tiver nada pra dizer
ou
detesto essa coisa de pesquisa
E isso pra filmar O Fim e o Princípio, pra mim um dos seus melhores documentários.
Pra terminar, lembro do Chico Moisés, moço do seu filme que se indagava
Será que sei tudo que sei?
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