Você que me lê, me ajuda a nascer.
quarta-feira, julho 04, 2007
Escrevinhação.
Engraçado.
Hoje muito mais gente lê essa bodega aqui, mas muito menos gente posta.
Não estou ligando para isso. Deixa eu te contar, eu sempre tive diário. Acho que foi ali que tudo começou.
Não é bobagem. O Ziraldo, no último livro dele, acha que um bom recurso para alfabetização é o tal diário. Eu fiz ano passado com as crianças e deu certo. Desde os nove anos eu escrevo o que me acontece; tenho um baú em casa de mainha com diários de toda a adolêscencia, e não há uma vez que eu não apareça por lá e não passe tardes e tardes relembrando, relendo, sorrindo, me arrependendo, recordando. Faz muito bem.
Continuo fazendo diário, todo ano. Mas não com a mesma intensidade, depois dos dezoito eu passei a escrever cartas, cartas e mais cartas, eram nelas que eu falava do meu dia, minha semana e vida. Escrever é paixão. Compulsão, coisa de louca. Cheguei a escrever para vinte pessoas na época da faculdade, sem rascunho nem xerox. Algumas cartas continham oito ou dez páginas. Escrevinhação pouca é bobagem. E sabe qual era o tesão maior? Depois de escrever, eu lia e relia as cartas que escrevi, eu adorava aquilo, eu aprendia tanto de mim e de como eu me fazia ser pro mundo, pros outros e outras, como eu usava as palavras e como elas me enganavam, certas vezes. Escrever cartas virou uma espécie de registro pessoal, eu escrevia para mim, antes de escrever para alguém.
Quando vi que poderia escrever por aqui também achei interessante de cara, olha só, escrever mais e sempre, em todos os lugares possíveis. Carta, postal, diário e blog, tudo junto e sempre mais, por que não faz mal, não tira pedaço e não perturba ninguém. O exercício da escrita devia ser uma coisa que todo mundo devia fazer, como desenhar, recitar poesia e gostar de samba. Não é coisa pra uma ou outra pessoa, mas todo mundo, o tempo inteiro, deveria andar por aí, pensando e imaginando tudo aquilo escritinho, ou eu tou louca?
O Ariano Suassuna falou, é verdade, sertaneja e sertanejo falam demais, na roça não se tem tanta coisa pra fazer, então a gente conversa, conta causos, re-conta, fala da vida alheia; não, eu não sou sertaneja, mas venho de famílias do interior baiano, daquelas que até hoje acreditam em lobisomem e desconfiam que o homem na Lua é efeito especial. E então eu adoro falar, e digo isso para quem acabar com aquela coisa de que quem escreve é por que não é bom de oratória, é tímida, isso. Mentira pura. Aliás, o mundo está cheio de mentiras puras. Pena que a gente descobre isso muito tarde.
Escrevinhar, andar com papel e caneta, repetir palavras-chave, quem me acompanha sabe que eu faço isso o tempo todo, poesia é palavra de ordem, pra se usar o tempo todo, grito de guerra pra marcar tempos, espaços, gentes e ambientes.
Pérola do dia: Eu quero que o mundo se acabe num barranco que é preu morrer encostada. Rá.
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2 comentários:
EU TAMBÉM TIVE DIÁRIO! DURANTE A MINHA CURTA ADOLESCENCIA...
ESCREVIA,ESCREVIA E ISSO ME FAZIA SENTIR-ME MENOS SÓ, DE VERDADE!
Escrever é muito legal.
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