Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, junho 30, 2007

Prenez Soin de Vous.

Sophie Calle, artista contemporânea fenomenal. Estudadora das relações humanas, se pôs à prova quando na Bienal de Veneza mostra como sua última obra de arte o final de um dos seus relacionamentos amorosos. Começou com o fim do namoro, o cara mandando uma mensagem no celular dizendo por fim, pro fim: "Tome conta de você". Então ela foi entrevistar o que as mulheres estavam respondendo por aí, a partir da ótica da profissão delas, quando os homens as mandavam cuidar delas mesmas. Quando eu li, pensei que responderia, na bucha: "Estou tomando, ué!" Mas isso por que na hora eu estava voltando do cinema, tinha comprado mais uma caneca bacana para a minha pequena coleção (nenhuma coleção minha pode ser grande, eu nunca sei onde vou parar), então eu estava bem. Mas é isso, tou tomando conta de mim. Tou me aconchegando aqui bem dentro para aprender mais sobre mim e sobre principalmente o que eu sou e o que eu me tornei para e com os outros e outras durante esses últimos anos. Mas não só pelo viés do meu trabalho, eu acho que estou tomando conta de mim inteira, quando eu digo que estou bem, obrigada, e não aceito más companhias e prefiro ficar sozinha. Isso não me chateia, isso não é ruim, isso me faz dar valor à pessoas únicas que atravessam a minha vida ou sentam do meu lado em qualquer ônibus por aí. Que insistem em sair comigo, em ficar do meu lado, em me dar a mão, em iluminar minhas segundas-feiras. "O que podemos ser além do que nós somos?", diz um personagem de Resnais no seu último filme (Medos Privados em Lugares Públicos). Eu diria que podemos ser o que quisermos, até nós mesmos. A gente sempre pode mais, mas se acontenta com pouco, e o mundo vai ficando pequeno, pequeno de tacanho, pequeno de medíocre, pequeno de mesquinho. Isso é ruim. E no fim das contas, amor amor amor esse pelo qual a gente morre e renasce é coisa inventada. Todo e qualquer sentimento tem uma história, e com o amor não seria diferente. Esse amor que tu sente e acha que é o verdadeiro, foi invenção de alguém que veio antes de você. Tu pega, usa, abusa dos conceitos dos outros e ainda chora por causa disso. Não seria melhor se todo mundo inventasse seu amor? Coisa mais sem graça sair cantando os versinhos de outrem! Cão sem Dono. Passei parte do filme achando que não ia gostar dele, mas quando acabou, fiquei querendo mais. Em parte por causa do ator, o cara que faz o tradutor. Ele é sensacionalmente deprimente, sensacionalmente na dele e por isso apaixonante! Um cão sem dono como esse, eu acho que me faria querer menos ficar só.

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