Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, junho 17, 2007

Anotações.

Se até Beto Brant, ótimo cineasta, precisou se voltar para dentro para respirar, que dizer de mim, reles mortal que tem idéias na cabeça mas não uma câmera na mão? Me deixem em paz, preciso de sossego, preciso respirar, voltar para dentro para descobrir tudo aquilo que nem mamãe e nem papai me avisaram que existia. Sabe, eu gosto de rituais, celebrações. Talvez seja por isso que eu almoçe todos os domingos no mesmo lugar. Também por ser o lugar mais barato nesse pedaço mais caro de São Paulo. A comida não é a melhor, mas o meu estômago de domingo, já sabe o que encontrará pela frente. Não reclama, não reclamo, não reclamamos. Mas os rituais são belos, eu invento tantos, quantos posso, eles sempre ficam aqui. Eles servem para me conectar aos lugares, já que eles mudam com tanta frequência. Desse modo, criando meu "infinito particular", perpetuo tradições do meu reino mágico onde sou rainha, princesa e boba da corte. Meu reino flutua, voa, navega, passeia, corre, ele é meu. Assim como um castelo assombrado, ele resiste às intempéries, minhas e dos outros. Ele é do tamanho da minha vontade de viver. Abri um livro na estante do sebo, no Corredor dos Livros. Livro do Leminsky, era um livro prosa com algumas poesias no meio, mas meus dedos abriram na página da mesma poesia que me chamou tanto a minha atenção. Essa aqui: Nesta pedra, alguém parou pra ver o mar O mar não parou pra ser olhado Foi mar pra tudo quanto é lado. Estranho isso. Eu gosto de chegar antes da sessão começar. Gosto da sala de cinema, apesar de não gostar muito dessa aqui onde estou sentadinha agora. Me sinto no útero da mamãe, como bem disse Fellini. Como ele pode ser tão bom em descrever sensações?

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