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segunda-feira, março 07, 2005

Nossa Música

Jean Lu Godard - 80 min de filme. Fui ver lá na Paulista sozinha. O filme tem é dividido em três partes. Tem o Inferno, que Godard caracteriza como o tempo das guerras, todas elas, imagens frias, textos curtos. Uma pequena parte, por que guerra é tudo igual mesmo, não se precisa mostrar tanto. Vem depois o Purgatório, que é a fase intermediária, aí ele mostra a reconstrução das cidades dizimadas pelas guerras. A cidade mostrada aqui é Sarajevo, uma das mais atingidas durante a Segunda Grande Guerra. Há então referências fortes às teorias pós-estruturalistas sobre identidade e alteridade, cultura, linguagem. Depois vem o Paraíso, que seria aqui o lugar, guardado por soldados americanos, onde a morte é algo que existe como descontinuação da vida, para onde vão então todas as pessoas de alguma maneira atingidas pelo horror das guerras citadas. Me agradaram algumas frases como "Não vejo o outro numa relação simétrica"; "Não nos sentimos responsável pelo outro". Tem uma expressão muito legal sobre como a cultura pode ser vista nesse processo de destruição-reconstrução: "Imagine que uma casa está pegando fogo, e não se pode salvar os móveis. Tudo está em chamas. Assim está o mundo, e ninguém vai se lembrar de salvar a noção de cultura, aquilo que entendemos como cultura." O Godard aparece no filme no aeroporto de Paris (que por sinal é bem bonito), indo fazer palestras para estudantes, palestras sobre cinema, o que mais poderia ser. E fica em silêncio quando lhe perguntam se as câmeras digitais salvarão o cinema. Como se não tivesse mesmo resposta.

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