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domingo, setembro 27, 2020

Mulheres de luta: as mães de ingênuos por força da Lei do Ventre Livre, por Lucimar Felisberto.

É massa demais ler coisas como essas.

Lendo os anúncios de jornais que circulavam nas décadas finais do Oitocentos, observamos vários que notificam casos de “fugitivas” acompanhadas por seus filhos escravizados, libertos, livres ou ingênuos. Conforme o anunciado no Jornal do Commercio em 3 de abril de 1885:

“100$000 – Que se dá de gratificação a quem apreender e levar à fazenda de Boa vista, de propriedade de Francisco da Silva Vieira Pirahy, na estação de Capivari da Estrada de ferro da Leopoldina, a escrava de nome Maria Rufina, cor preta, alta e magra, rosto comprido e bexiguenta; pés pequenos, que embarcando na estação do Recreio com destino à Corte fugiu no dia 07 do corrente, levando consigo seu filho ingênuo de nome Manoel”.

Diante dos últimos limites impostos pela escravidão, Maria Rufina utilizava a fuga como uma das estratégias de resistência, sem abrir mão da companhia de seu rebento. Tudo leva a crer que a experiência de luta pela liberdade era compartilhada com inúmeras outras mães, impactadas pelos efeitos sociais da lei. Muitas mulheres escravizadas foram detidas e encaminhadas à Casa de Detenção da Corte, sendo matriculadas nos livros por fugirem ou por suspeita de fuga.



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