Eu sinto fome de amor.
Uma fome que devora, fome de dizer que gosto, de ligar para falar bobagens ao telefone, de sorrir junto, de gargalhar. Eu passo duas semanas sem isso e sinto falta demais, demais da conta mesmo. Meu coração pula de alegria quando leio mensagens bonitas como "você é linda", "teu cheiro é bom", "queria estar contigo agora", eu releio muitas vezes, eu suspiro e releio mais algumas vezes, é assim. Eu acredito muito rápido em palavras de amor, elas tem o mesmo poder das flores na minha vida, eu sou daquelas que finjo sem jeito com as flores, mas eu conto pra todo mundo, eu fico pra sempre grata com palavras bonitas e flores amarelas. Elas me acendem por dentro, elas me animam a acordar e estar viva e aqui.
Eu também sinto saudade da vontade que eu tenho de dizer coisas lindas quando eu estou envolvida, caidinha, apaixonada. Eu me sinto linda e leve, simples e tão boba, terrena, profana. Não sei se as pessoas conseguem viver sem falar de amor, de carinho, de desejo. Eu não. Eu invento amores, vou buscar pessoas de antes, jogo charme na rua, paquero até quem não posso, instigo quem está quieto. Eu faço qualquer coisa para poder falar e ouvir palavras bobas de amor e carinho. É uma delícia gostar, a energia de amor é uma das coisas mais sensacionais da vida.
Eu sinto fome de fazer coisas de amor.
Carinho na pele, arrepio, boca que seca, lábio que treme. Eu sinto saudade de ter alguém com quem eu possa brincar de desejo, baixar as vistas, encostar a mão na mão numa mesa de bar, eu gosto demais de demonstração de carinho, meu peito queima quando alguém me toca do jeito certo (e o jeito certo é me tocar), é sim. Eu sou assim pro lado de amor, eu sinto falta demais, é uma falta dentro, inominável, mas que me alcança sempre e de uma vez quando não tem ninguém por perto.
Eu faço coisas como abraçar amigos e amigas, ando na rua de mãos dadas com eles e elas, sorrir com tanta gente que eu conheço, brincar com quem passa na rua, mas eu sinto uma falta física do físico de alguém, pra tocar, pra carinhar, pra cheirar e apertar, roçar, morder, beijar. Eu sou feita de carne, a única coisa que levo a sério nessa vida toda.
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