Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, dezembro 25, 2018

Incorrigível, mas comportada.

Escrevi

me liga

E ele me ligou, tinha de ser rápido, não tinha muito tempo. Eu disse que queria falar ao vivo, que tinha de ser pessoalmente, mas eu também queria dizer naquela hora, então eu não sabia o que fazer, se dizia ou esperava, mas ia levar tempo, então eu disse.

todas as vezes em que te vi, todas as vezes, eu pensei em fazer amor contigo

Tchau, tchau. Desligou. Fiquei ali, de pé, telefone entre as mãos e o peito, olhos fechados, sorrindo. Porque eu disse isso? Porque eu quis. Porque me excita a presença dele quando o vejo, em qualquer momento ou lugar. Não precisa de clima, é só olhar e eu penso coisas. 

Fiquei pensando que não deveria ter feito isso. Pra que, pra que. Pra nada, só para perturbar a mente do moço, pra perturbar a minha também. Ah, por mim. Tem uma coisa, sabe? Eu fui tomar banho e enquanto a água caía sobre meu corpo quente de praia e piscina eu descobri o quanto tem de prazer nisso de me sentir errada em coisas miúdas, isso me lembra da minha humanidade que às vezes querem perdida, errar, achar que errei, sentir vergonha, assumir o erro, me divertir um pouco com uma safadezinha besta, daquelas que não tiram pedaço e fazem a vida mais gostosa, mais quente. 

Todo mundo precisa disso. De entender que erros nos constituem e as vontades de fazê-lo precisam às vezes serem alimentadas. Porque não? Eu não sei o tamanho do seu erro, qual convenção você precisa desafiar. Eu estou conhecendo as minhas e brinco com elas também, sem me sentir a pior pessoa do mundo, me divertindo em me descobrir. Eu tou chamando aqui de erro aquilo que me dizem erro, quando quebramos uma convenção social estabelecida, como paquerar o namorado da amiga ou dizer à mãe coisas que dizem que elas não precisam ouvir. Erro? Não sei. 

O que é erro para mim, alguém pode ler e se perguntar. Erro é quando você não consegue conviver com as pessoas ao seu redor. Ainda assim, às vezes é necessário gritar e fazer coisas impensáveis porque somos carne e desejo. O que se faz com isso, com o erro, é o que justamente eu estou tentando pensar aqui. Posso me flagelar, acordar com a tal ressaca moral ou posso fazer uma celebração do quanto esse meu erro me conecta com partes de mim - "boas", "ruins", vai saber -, com eus que são meus e que também precisam ser conhecidos, aprendidos, experimentados, para descartados ou vivenciados. 

Vai ver essa conversa toda aqui foi um erro também. Paulinho da Viola disse que eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim. 

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