Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, dezembro 25, 2018

25 de dezembro.

Há um ano atrás, conheci um moço que me fez apaixonada. Eu suspirei por ele meses seguidos e resolvi pôr um fim nisso porque a gente não se entendia direito. Até hoje, eu sinto que não é que ele não gostasse de mim, a gente só tinha entendimentos diferentes sobre o que a gente queria e como a gente queria, por isso achei melhor pôr um freio em tudo. 

Mentira. Eu pus um freio porque senti uma paixão louca e não sabia o que fazer direito com isso, porque eu não entendia o que ele sentia. Também tinha coisas que eu não gostava e não sabia lidar, como o machismo de todo dia com alguém com quem você não sabe até onde pode ir. Aí parei.

Parei também pelo orgulho de não saber lidar com alguém que, apesar do carinho que aparecia em vários momentos, não parecia estar apaixonado por mim na intensidade que eu estava. Não estava ou não demonstrava, vai saber. Ele também não parecia receber a minha paixão como eu gostaria que ele recebesse. Então foi orgulho, mau jeito, foi sensação estranha de não ter controle do que eu tinha ali. 

Mas hoje, um ano depois, quando ele me liga, eu tenho consciência disso tudo que eu senti e passei. Meu corpo responde com batimentos que se apressam e gargalhadas que querem esconder a falta das palavras, mas ainda assim eu digo. Digo a ele que ele é especial e que fui apaixonada, que queria estar no coração dele. Ele diz que eu estou, eu não acredito (não acredito porque não estou do jeito que eu quero estar, eu não quero pouco, sempre quero tudo). Eu digo que ele é arisco, ele diz que não. Ele diz 

vamos nos ver

eu digo 

calma senão volta tudo

ele também ri.

Eu não ligo para ele, tento nem falar com ele, mas eu penso nele quando estou sozinha, sim. Penso, penso, lembro, sinto. Escrevo e ele sempre me responde, nem sempre com o carinho que eu quero, mas responde. Eu sou uma marrenta de marca maior porque sempre tive homens por mim suspirando, ele me desafia com o querer dele que não é como eu quero que seja, ele me irrita mas eu faço as pazes com ele porque ele me ensina que não pode ser como eu quero e pode ser bom, como é difícil quando a gente gosta de controlar tudo, como é gostoso (e irritante) essa sensação de perder o chão, de não ter certeza se ele gosta ou não de mim como eu acho que tem de gostar, que loucura.

migh, eu tou aqui te ligando hoje, você sabe muito bem, eu não ligo pra ninguém

Eu sei que sim, eu sei que é, ele me ligava quando saíamos a contragosto, eu desinstalava whattsapp só pra ele me ligar, ele me pedia com jeitinho
instala migh, por favor, é melhor pra gente

mas eu não queria, eu saía na pirraça só pra ver se ele ia me ligar, eu sou assim. Ficávamos horas e horas mas eu queria mais, como eu sou assim, gente, eu apaixonada não dou pra o que presta.

Que coisa mais doida que é o sentimento. É tão bom sentir, eu nem sei direito o que é, mas gosto tanto dele como antes todas as vezes que a gente se fala. Eu gosto de tê-lo aqui, um ano depois, tanta coisa aconteceu, paixão, tesão, zanga e sorrisos, mas ele é para mim algo que ninguém mais é, uma coisa que eu não sei direito o que é, mas é. Isso torna ele único e especial, assim como alguns outros na minha vida. Só ele me toca assim, desconcertadamente, diferente de todas as pessoas e necessário. 

É pra isso que a gente vive mesmo. Pra sentir tantas coisas diferentes por tantas gentes. 

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