É noite, sua mãe ressona ao seu lado (você decidiu dormir com ela naquela noite, depois de conversas sobre família e amores) e você lê um texto de Patricia Hill Collins anos depois que ela o escreveu e acredita que se encontrou na vida. Nada de terapia nem conversa com psicólogo (homem e branco) isso me ajuda a me entender mais do que o conceito de outsider within.
Isso já aconteceu com você?
Lembro que quando estava terminando de escrever a dissertação foi outro texto, o de bel hooks, que me pegou, aquele que publiquei aqui, Intelectuais Negras. Eu andava às voltas com escritos e palavras, conceitos, definições, noites adentro pensando no que eu queria falar quando eu escrevia. Encontrei alento nas letras de hooks, hoje é Hill quem me liberta de mim mesmo, do peso de ser eu. Do peso de ser eu para a leveza de ser eu, ela me ensina que eu posso ser uma dentro-fora, porque ela também aprendeu com hooks que
ao viver como vivíamos, na margem, acabamos desenvolvendo
uma forma particular de ver a realidade. Olhávamos tanto de fora
para dentro quanto de dentro para fora... compreendíamos ambos
(hooks, 1984: vii)
Collins fala de hooks, que me faz lembrar de mim e ... subitamente ouve minha mãe ressonar. Ela funga e diz:
é igual caranguejo na lata [uma metáfora para assuntos de família, coisa nossa]
E volta a dormir.
Durmo também, feliz por ser quem eu sou. Eu não queria estar em outro lugar.
Patricia Hill Collins
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