(esse era o tempo em que se passava umas tardes e uns dias todos em Itapuã)
Tenho lido muita coisa boa ultimamente. Visto muita coisa boa também. Acho que vou começar a postar tudo tudo tudo que leio e assim vocês poderão me acompanhar melhor.
Um dos últimos artigos que li me deu uma sensação de lucidez porque é daqueles que a gente pensa: "Puxa, não penso isso sozinha...". O artigo é de 2005 e fala sobre as chamadas revitalizações dos espaços urbanos. Pensando em Salvador (a autora fala justamente da nossa cidade!), achei que caiu como uma luva.
Uns excertos pra dar vontade de ler:
A tão sonhada (re)vitalização urbana – o sentido de revitalização
aqui não seria mais o econômico, mas sim o de vitalidade, como vida
decorrente da presença de um público e atividades diversificadas – só
poderia se realizar de forma não espetacular quando ocorrer uma
apropriação popular e participativa do espaço público. O que
evidentemente não pode ser completamente planejado, predeterminado
ou formalizado. A maior questão das intervenções não estaria na
requalificação em si do espaço físico, material – pura construção de cenários
– mas sim no tipo de uso que se faz do espaço público, ou seja, na
própria apropriação pública desses espaços. Somente através de uma
participação efetiva o espaço público pode deixar de ser cenário e se
transformar em verdadeiro palco urbano: espaço de trocas, conflitos e
encontros.
Quais seriam então algumas alternativas ao espetáculo urbano?
Tenho algumas pistas: a participação, a experiência efetiva e a vivência
dos espaços urbanos. Estas alternativas passariam necessariamente pela
própria experiência física da cidade, que é quase impossível ou totalmente
artificial nas cidades espetacularizadas. E mais do que isso, passariam
pela experiência corporal, sensorial, podendo ser até mesmo erótica, da
cidade. Só a experiência sensorial, individual ou coletiva, que não se
deixaria espetacularizar, não se deixaria reduzir a simples imagens. A cidade não só deixaria de ser cenário e passaria a ser palco mas, mais do que
isso, ela passaria a ser um corpo, um outro corpo. É dessa relação entre
o corpo físico do cidadão (ou do arquiteto-urbanista, que evidentemente
não pode deixar de ser cidadão também) e esse “outro corpo urbano”
que poderia surgir uma outra forma de apreensão da cidade. (p. 19-20)
JACQUES, Paula B. Errâncias urbanas: a arte de andar pela cidade. Revista Arqtexto, UFGRS-Rio Grande do Sul, n. 07, p. 16-25, 2005.
Pega tudo aqui:
http://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/PDFs_revista_7/7_Paola%20Berenstein%20Jacques.pdf
(Itapuã não é mais aquela, olha a cara dela)
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