Não conseguir não chorar, não conseguir não me importar, não conseguir não ouvir música sempre, não conseguir me irritar se me ligam às seis da manhã, não querer morar em outro país, não entender as pessoas que trabalham no que não gostam, não gostar do contato com adultos em demasia, não conseguir esconder o que sinto, não ligar de parecer criança (por que ser criança é a melhor coisa que existe), me apaixonar mas não morrer de amor, não quero casar por casar, minhas limitações todas não conheço, e ah, quero deixar o cartesianismo de lado, ele já morreu e eu aqui querendo catalogar impossibilidades, o racional é irracional como o irracional tem suas lógicas, salve todas as maneiras se de chegar a algum lugar ou a alguém, intransitivo das possibilidades.
Eu gosto de você não é imperativo de nada. De nada. Mas as pessoas ouvem essa frase e ficam atordoadas, paulada certa, mas não é um contra parede, é só um sentimento, sentimento só. Foucalt já escreveu sobre isso, livro As palavras e as coisas, e como certas palavras são carregadas pelos valores que nós impomos sobre elas, as palavras não são neutras e nem devem ser, mas também não são rótulos prontos, as palavras são livres, estão aí e são intencionalmente usadas, as palavras
eu gosto de você
Parecem dizer, no nosso mundo mesquinho-capital-atual
e aí, vai encarar, vai me assumir, vai casar comigo, tou carente, o que você pode me oferecer, eu gosto de você, e você, e você?
Quando deveria apenas querer dizer
eu gosto de você e ponto.
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