Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Nordestina.

Como disse João Cabral de Melo Neto: Sou nordestina, não gosto de coisas abstratas. Não é que a gente não goste, sabe, é que a gente não entende, e amor pra gente é semeado na chuva, tem cheiro de terra, conversa no pé do fogão e banho antes de ir dormir pra ir dormir sem roupa, sentindo o sereninho da noite, o calorzinho dos trópicos que queima também o coração. Acaso será por isso que meu coração esquenta toda vez que penso no moço que mora mais perto dos trópicos do que eu? Acaso será a geografia também um mal de amor? Ou será certamente toda e qualquer ciência mal de amor, bastando para isso estar enamorada? Não sei ainda. E quem souber, não me diga. Corro o risco de começar a ficar abstrata demais. E de tão abstrata, posso me dissolver, me liquefazer aqui para renascer lá, pelo simples motivo de estar apaixonada.

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