Você que me lê, me ajuda a nascer.
quinta-feira, setembro 20, 2007
Circunstancial.
São Paulo é circunstancial demais. Fortuita. Fugidia. É a cidade que te oferece alguém extremamente interessante por algumas horas, fila de cinema ou ônibus lotado. Depois, acabou. As pessoas aproveitam para serem elas mesmas, e no começo, você acredita que tudo aquilo vai virar uma grande amizade. Mentira. No máximo, você pode encontrar com ela algumas vezes, muito rápido, fortuito e fugidio, ela vai te pedir teu email, vai te escrever mensagens curtas, vai te esquecer. Mas se você não aguenta, pra quê veio, vai embora.
Assim como a Noite do Terror no Playcenter, a moça paulistana vira e me diz, não quero passar ali, tem uns cara vestido de monstro, mas não é medo, é que eles ficam pegando na gente
Aí tu desiste, toma uma cerveja e vai dormir.
E hoje eu repeti tanto que sou feliz, mas me permiti chorar umas lágrimas de solidão, assim na boca da noite. Por quê, tu vai perguntar, mas eu não sei, quando eu quero chorar eu choro, nem ligo pra quem tá do lado, as lágrimas vão caindo e eu nem ligo, limpo com a palma do rosto e empino o nariz, e se alguém me perguntar, eu vou dizer, nada não, é só saudade, mas no próximo ponto eu desço e passa.
E nessa hora eu fiquei pensando em chegar em casa e ligar pra tu e dizer que eu tava me sentindo só, mas o que tu poderia fazer, nada, nada, ia só te atrapalhar a noite, resolvi tomar um banho morno e ouvir Cartola, emendar o Dylan, ligar e ouvir tua voz ia me encher de coragem, mas mas mas e aqui tinha que ter um ponto. Pronto.
Hoje, dia de correio na escola, e minha aluna escreveu um bilhetinho pra colega de sala:
Você gosta de bichinhos.
Eu gosto de você.
Achei original, estilosíssimo. Bobo, pequeno, simples, por isso, original.
Limpo o rosto com a palma da mão, ninguém tá vendo.
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