Você que me lê, me ajuda a nascer.

sábado, outubro 28, 2006

Chorona, eu?

Eu sou uma chorona. Choro por tudo, e por nada. Não me perguntem por que, e eu já estou chorando. Como hoje durante o filme À Margem do Concreto, enquanto a mocita falava e eu de olho no filho dela que sorria, e eu chorava, pensando em como ele vivia, comia, dormia, morava. Sou assim, e quem quiser gostar de mim, eu sou assim. Mas ao mesmo tempo, pareço tão durona pra tanta gente e coisas, vai entender. Sou eu metade, eu e eu. Penso que sei o que quero, mas sei não. Ou sei o que gosto, mas o que quero é difícil. Mas sei o que me dá prazer. Dá prazer ouvir uma criança de 8 anos dizendo que sabe quem foi Hitler, ou uma quando me imita ficar falando do conflito Israel - Palestina. Dá prazer falar que o Bush assinou uma lei pra criar uma cerca anti-imigrante e ouvir crianças de 8 anos dizendo que isso é feio e não está certo. É só quando saio de uma sala de cinema que me sinto Migh. Não há momento mais meu, mais eu, onde eu me sinta mais forte do que quando eu levanto da cadeira, as luzes se acendendo e as letrinhas miúdas subindo. Não sei te explicar, e também não sei por que estou escrevendo. Mas naquela hora, é tudo perfeito, e só não é melhor do que quando eu sento na cadeira, e estou ali, esperando alguma coisa acontecer. Ainda bem que eu vi um filme antes do Cine Bombril reformar. Adoro a nova sala 1 do Cine Bombril, mas Alvorada era Alvorada e foi com o Pepu, então não tem como esquecer. Lembro o filme também, só esqueci o nome. O Pepu era uma dessas pessoas que me deixava escolher o filme, me olhava com cara de "estou em suas mãos", quando lembro ainda sinto calafrios do tanto que era bom. Henry Miller. É estranho saber que o cara escreveu em 1928-1930 e eu continuo achando que ele não está errado. Abro a segunda página e ele diz: "Estou em 20 e poucos de outubro e não esqueço do 14 de novembro que..." Alguém pagou pra ele escrever isso pra mim? Pra mim? Parem o mundo que eu quero descer. A coisa mais divertida de morar sozinha é descobrir um monte de coisas sobre você mesma que você nunca ia descobrir se não morasse sozinha. Comida que se estraga, roupas de cama sem dobrar, essa Migh não parece comigo, mas sou eu. Gosto de livros espalhados, gosto de juntar poeira com a mão, gosto de tomar banho de porta aberta, com vista pra uma estante de livros, O Nome da Rosa, Umberto Eco. Se você não acredita, vem aqui ver. Eu faço uma ducha e penso em recitar Thiago de Mello, ele está ali, me olhando. Hoje eu estava linda. Mas que diabos! Ou eu sou louca, ou as pessoas têm medo de mim. No último fim de semana, em Parati, dois homens que me "abordaram" me disseram que eu tenho cara de brava. E por que chegou perto, então? Eles nunca respondiam. Mas acho que é verdade, agora fico me vendo no espelho e peço pras pessoas dizerem que cara eu tenho quando me encontram na rua, os caras tinham razão. Tenho cara de brava. É fácil: eu encontro alguém na rua, converso, etc, depois mando uma mensagem no celular, perguntas do tipo "Como estava minha cara?", "Pareço brava pra você?". Funciona, mas sempre me respondem coisas assim "sei lá, meio brava". Ahahaha. Eu me divirto muito comigo mesma, depois com a vida, depois com os outros e outras. Tenho tanto pra escrever. Preciso de um laptop que funcione.

3 comentários:

Anônimo disse...

mas se voce é brava mesmo! no sentido italiano, ao menos. beijos e depois apareço.

Anônimo disse...

oiii! :) a parte le cartoline che ti ho promesso, cerchero' un paio di dvd del cinema neorealista italiano che ti piace tanto. mi sa che dovro' mandarti un pacchettino!

Migh Danae disse...

ma stai parlando la verita'? sei pazzo pazzo pazzo... ehehehhe... mi piace tutti film italiani fatto dagli 60-70 e anche i registi italiani... vado pazza... anche alcuni nuovi registi son bravi, eh stai atento!
Ti auguro un buon giorno, buona vita, e tante tante felicita'! Oggi e' un giorno solarissimo, poi ti racconterò tutto!
;-)