Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Calor.

Nessa loucura de morar cada ano em lugares cada vez mais diferentes, seja na mesma cidade e bairro, eu acabei inventando para mim um modo mais simples de me sentir em casa. É. Eu encontro pessoas na rua e sempre faço comparações com as pessoas dos outros lugares. Sim, a moça da padaria daqui me lembra a senhora que converso lá na farmácia. O rapaz que me olha descaradamente sentado ali na moto me faz lembrar do menino que me pediu uns trocados faz alguns dias lá perto da minha casa, sob a alegação de que o pátio lá de casa precisava de uma boa faxina. Acho que ninguém sobrevive sem comparações. Nem adjetivos. Eu do meu jeito estou tentando eliminá-los. Ontem eu vi a Titi. Ela morou com a gente assim que chegamos aqui em Salvador, sabe como é, minha mãe precisava de ajuda. Titi também. Não mudou muito, está mais forte, e grávida. Não me reconheceu. Quer dizer, eu não a olhei dentro dos olhos. Naquela época, Titi era uma criança como eu e a gente só brincava. Eu nem sabia direito o que significava classe social e morar numa casa de papelão. Fiquei sabendo que Titi casou com um norueguês. Mas continua aí pelo bairro, a família mora aqui, sabe como é quando você se acostuma. Me pergunto se ela aprendeu norueguês ou o cara arranha no português. Acho que nunca vou saber. Não sei mais como olhar Titi nos olhos. Ou talvez nunca tenha feito isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

VC DEVE ESTÁ LINDA, IRRESISTÍVEL, GOSTOSA, MOREMA,BAHIANA...APROVEITE A SUA MARAVILHA POR ESTÁAO LADO DAS PESSOAS QUE MAIS AMA...
MIDI.

Migh Danae disse...

Vaidade, meu amor, é tudo vaidade...