Você que me lê, me ajuda a nascer.

quarta-feira, setembro 21, 2005

No busão.

Tem várias histórias. Várias. Uma delas ouvi hoje. Um homem de meia-idade, mas ainda forte, reclamava da vida: "Já disse pra minha muié que eu vou drumi lá pelo serviço. Saio de casa às 5 da manhã e chego essa hora, não vejo novela nenhuma, nem sei se o Boi já derrubou o Tião, que vida é essa? Nem vale a pena voltar pra casa, comprei um celular pra ela e um pra mim, nóis se liga todo dia pra dizer se tá vivo ainda, a gente namora à distância, o pessoal fala de internet, que namora de longe, assim mesmo sou eu e minha muié. A muié toma banho e se arruma, pra esperar o maridão. Mas o que chega em casa é só o pó. Tá certo não. É mais negócio separar e ficar sozinho, porque nem no couro eu dou mais, pensando no outro dia de serviço. E nada de fim de semana. É hora extra uma em cima da outra pra receber 100 por cento do ordenado". Outro dia a muié me fez uns biscoitinhos preu levar pro trabalho, mas eu passo tanto tempo dentro do ônibus que os biscoito caiu da sacola que ela fez a marmita, caiu e foi esfarelando até chegar no serviço. Quando eu voltei de noite dava pra ver o biscoito caído lá pelo chão. A raiva foi tanta que quase eu abaixava e comia os pedacinho, só de raiva. Ou essa, contada por uma mulher muito bem arrumada, numa combinação lilás, salto alto e bolsa de veludo: "Tem tempo que você não me vê, né? Tava em Portugal, passei 20 dias lá. Sim, com a minha patroa. Como é Portugal? Eu sei direito não, só fiquei dentro de casa, e da vez que saí foi de carro e era de noite, a gente saiu da garagem e entrou na outra garagem, aí eu fui direto pra cozinha da amiga da minha patroa e não vi nada. Mas deve ser igual aqui, sabe? Até o jeito de falar deles parece com a gente, assim. Acho que não tem diferença não. As amiga dela que era legal, me deram cartão postal da cidade pra trazer pra casa. Mostrei pros menino lá em casa, eles pensaram que eu visitei tudo aquilo". Um dia eu prometo que escrevo uma só minha. Ah, em tempo: Pra quem viu Crash, Filhas do Vento é nada. Eu tou só no aguardo de Cidade Baixa. Me informei com a produção e em São Paulo o filme estréia agora em outubro na Mostra de Filmes. Ufa!

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida Mig amiga, ia escrever uma missiva for you mas lembrei do seu blog e acho que aqui fica tudo tão mais prático... :-) Assim você fica sabendo logo que eu estou com saudades e pensando em ti hoje. Tudo está bem? O trabalho, o coração, os planos futuros? Acho que você deve ter "me lido" regularmente então sabes que estou saindo de outra tormenta. Parece que minha vida é emergir! Beijo para você, te amo, queria pegar a ponte aérea hoje...

Migh Danae disse...

Eis, me escreve, eu tou com um envelope com seu nome e endereço aqui na minha pastinha de cartas... manda o link do seu blog, por favor! Tou meio perdida, tenho novidades que irão fazer a Terra tremer.
Penso em você quando não estou aqui perto, penso em você e sinto falta.