Eu estou aprendendo a andar de moto. Eu não sei ainda andar de bicicleta direito, mas estou aprendendo as duas coisas, ao mesmo tempo. Sim, ao mesmo tempo. Assim como aprendo inglês, novas músicas, novos conhecimentos sobre psicologia e sobre plantas. É isso mesmo.
Eu acho incrível estar sempre aprendendo alguma coisa, o tempo todo. Não aquela coisa de "ah, a gente aprende uma coisa todo dia". Estou dizendo essa coisa de aprender assim, me matricular num curso, numa aula, numa aventura nova, eu adoro essa coisa de mergulhar em algo que não sei nada de nada.
E assim eu me sinto aprendendo a pilotar. Não sei nada, tenho medos. Inseguranças. Descubro que tinha um monte de preconceitos todos criados na minha cabeça ao longo dos 41 anos de vida para explicar para mim mesma por que eu não tinha aprendido moto até hoje. Nem bicicleta, nem carro. Vou pilotando a moto e explicando tudo isso ao meu colega que me ensina.
Ele diz que o acelerador precisa ser controlado por mim, de um jeito suave e firme. Descubro que sou mais firme do que suave com ele, será que na vida também? Eu tenho melhorado com o tempo, pilotando a moto, dia a dia, eu aprendi a controlar melhor a suavidade e a força ao acelerar, parar. Não sei dar voltas, só ando em linha reta. Para isso, preciso parar e, com calma, ir devagar voltando ainda vacilante. Devagar, não vou de vez, tenho medo de desequilibrar. Fico pensando nas analogias com a minha vida até aqui.
Preciso me sentir mais segura para dar voltar e fazer círculos com a moto. Ainda não dá. Porque voltar e aprender a fazer círculos sem colocar o pé no chão é coisa fina. É muito delicado. Eu não sei ainda, mas vou aprender. No campo de futebol, tenho a sensação que a grama fofa me espera e me ampara caso eu caia no chão, coisa que já aconteceu, mas me ensinou também o peso que eu tenho e o que eu faço com ele.
Não tem nem como parar de querer fazer isso todos os dias. Especialmente porque eu percebo como a frequência melhora muito a forma como piloto. Hoje, pela primeira vez nessa uma semana de aula, eu saí sozinha com a bicicleta. Consegui me equilibrar e colocar a força necessária na primeira pedalada para poder continuar a caminhada em linha reta.
É incrivelmente delicioso o sabor de aprender coisas novas. Sentir o corpo lembrando de como é o jeito do pé que liga a moto, como é o jeito do pé que fica ajeitado na bicicleta sem cansar a batata da perna. Não tenho como explicar, quem sabe tudo isso não sei se vai lembrar, quem está aprendendo algo quando estiver lendo este, vai pensar nisso.
A coisa mais certa do mundo é: não desista.
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