Eu falei para um amigo que estava dirigindo bem assim
ai, não sei como você não tem medo quando essa carreta passa aí do seu lado
E ele respondeu
quem disse que eu não tenho medo?
Fiquei pensando nisso e lembrei da minha tia. Eu perguntei para ela
Mas você não teve medo quando soube que estava grávida
E ela
Sim, eu tive, mas eu queria muito, aí fui
Eu aprendi isso. Eu vou com medo, mas vou. Eu vou devagar com medo, mas eu não paro. E mesmo indo, posso ter medo. O que eu não posso é parar, senão eu não vou. Paradoxal, né? Se eu paro, eu não sinto medo. Mas se eu paro, eu não continuo. Se eu continuo, eu sinto medo. E nessa contradição, quando eu olho para trás, vejo que já desci a ladeira, segurando no freio.
Eu tenho medo, mas eu quero muito. E eu não quero jogar fora o medo, porque ele é freio também. E tudo bem. O medo ainda é freio, mas se eu continuar assim um dia ele vira embreagem, para usar junto com o acelerador ou para não usar.
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