Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, setembro 11, 2022

Aprendi.

Qual o segredo para não viver uma vida ressentida? Para mim é não deixar de fazer as coisas que amo. Por isso, não abandono os meus desejos - viajar, ouvir música, ler livros, escrever cartas, fazer exercícios, meditar, comer coisas gostosas, conhecer gente - nunca mais. Depois que descobri isso, estou sendo sempre mais feliz.

Botei na minha cabeça que eu não vou fazer isso comigo, senão vou ficar triste, irritada, magoada, chata e pesada. Eu estou lendo Pesado, sim, de Kiese Laymon e um dia desses eu estava deitada na cama e me senti muito, muito, muito pesada. Me senti inchando inteira. Me deixei sentir aquela imensidão de Migh crescendo na cama. Eu estava conversando com mainha, era quase uma da manhã. Ela estava falando e eu estava ali, inchando. Não me perguntem por que isso aconteceu, só senti. E lembrei de quando tive problemas de inchaço em 2010, quando passei por situações de violência num relacionamento. Não me sinto vivendo a mesma coisa agora, mas senti que, toda as vezes em que não cuidar de mim, essa sensação de peso vai voltar, seja física ou mental. Senti meu corpo me dando avisos, através do livro, das conversas com minhas amigas e mãe, das coisas que escuto em programas de tv' e agradeci a ele por ser tão generoso comigo. Não por acaso, voltei à academia faz pouco tempo e quero voltar à capoeira também. 

Outra coisa que eu acho que me ajuda a não viver uma vida ressentida é: em qualquer relacionamento, eu não vou carregar a outra pessoa nas costas. Não carrego a relação nas costas. Se eu sinto que estou me doando demais, cansada demais, desgastada demais, eu paro e me pergunto o que eu estou fazendo para me sentir assim. Ao invés de ficar falando "fulano não faz isso ou aquilo", "fulano demanda isso e aquilo de mim", paro tudo e boto numa lista aquilo que eu estou permitindo que fulana demande de mim. Muitas vezes eu descubro que fulana nem me pediu nada, fui eu quem me botei para fazer e assim ficou. Aí eu agora paro de fazer o que acho que estou fazendo a mais, que ninguém me pediu, que eu faço porque eu quero controlar, porque eu quero ser amada, porque eu me acostumei nesse padrão. Não é simples, não, não é prático, mas com calma a gente descobre e consegue. Eu boto na minha cabeça que isso é importante para ser tudo mais leve e está fazendo bem. Eu sinto bem-estar, mas eu quero mesmo é bem-viver.  

Pode ser que a relação acabe se você não cuidar dela sozinha e botar como prioridade fazer coisas que te fazem bem. Mas tudo bem também, porque se para se relacionar você precisa cuidar de tudo e não pode pensar no que te faz bem, você não está propriamente vivendo uma relação, né? Acho que a sensação inicial de que você só pensa em você vai chegar; mas não é isso, não, pelo menos não para mim. É cuidar de você para oferecer o melhor de você para as pessoas que você ama. É saber até onde você pode ir e falar isso para as pessoas que te amam e, se elas quiserem, ajudarem-nas a descobrirem até onde elas podem ir também e o que elas mais querem com você. 

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