Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, agosto 15, 2017

Sonhos em tempo de guerra, de Ngũgĩ wa Thiong'o.


Comecei a ler esse livro no meio do ano passado. Um amigo amado me indicou e eu relutei um pouco porque se começasse a lê-lo, teria de dar uma pausa numa ideia que tive ano retrasado, de ler mulheres negras por algum tempo antes de começar a ler outras coisas. Mas, como o livro trata de memórias de infância de um homem nascido no Quênia, achei que valeria a pena a leitura, já que eu estava escrevendo uma tese sobre crianças negras. Na tese, eu citei livros de literatura nas epígrafes dos capítulos, um modo de convocar as pessoas a lerem nossas histórias. Ainda imaginei ser possível usar algum trecho desse livro como epígrafe de um capítulo - eu havia escolhido apenas livros com meninas falando -, mas tal feito não aconteceu porque nenhuma das partes que li até decidir as epígrafes haviam feito algum sentido com o que eu estava escrevendo, coisa que aconteceu depois de fechar o texto. 
Uma pena.
O livro começa tímido, na minha opinião. Mais do mesmo, uma escrita não tão fantástica, mas que vai revelando uma história que não é conto de fadas mas ilumina, salva, revela, arrebata. Eu aprendi mais sobre o Quênia com Thiong'o do que na escola. Eu aprendi mais sobre as pessoas que me antecederam num romance do que nos livros de história.

Há algumas passagens do livro que me marcaram muito. Numa delas, o autor conta de uma vez em que sua mãe lhe pede para escolher entre ir à escola e fazer uma viagem. Ele escolhe ir à escola, diferente do irmão, que teve a experiência de viajar de trem. Achei lindo a atitude da mãe dele, de perguntar o que ele queria e respeitar sua decisão. A gente tende a achar que essa ideia de ouvir a criança é recente e bastante ocidental, que nada.

Que nada. 

Nenhum comentário: