Há quase doze anos, eu fui morar em São Paulo. Estava apaixonada e topei tentar a vida lá, já que o moço tinha se aventurado por aqui e não tinha dado muito certo. O namoro acabou, fui ficando porque queria tentar estudar lá, de preferência na Universidade de São Paulo. Tudo isso porque, aqui no interior da Bahia, onde eu fiz minha graduação, algumas professoras tinham feito suas pós-graduações na USP e sempre falavam da universidade como referência. Assim, sonhava.
O tempo passou, e exatos seis anos depois de ter chegado à São Paulo, entrei na USP para começar um mestrado. Já trabalhava como professora há alguns anos e aproveitava qualquer tempo para vir a Salvador. Me lembro que no primeiro ano em São Paulo eu tinha pouco dinheiro e aventurei vir para Salvador de ônibus, porque soube de uma oportunidade de bolsa de estudos que me pedia para entrar em contato com antigas professoras de graduação. Voltei, fiz toda a papelada, mas não consegui a bolsa de mestrado. Lembro-me até hoje, queria estudar tráfico de mulheres na Itália, algo assim. Memórias de Batom era o nome do projeto.
Não passou, não consegui a bolsa Ford. Me disseram que o projeto estava bem escrito, mas talvez ambicioso demais, sem relação com o que queriam no momento. Tudo bem, mas pelo menos percebi que conseguia escrever algo. Estava cada vez mais aficcionada por história e ciências sociais. Mas acabei continuando minha carreira acadêmica na educação mesmo. Não é que não goste de educação, eu gosto de muitas coisas. Eu queria mesmo é ser dançarina, mas deixa isso tudo pra lá. Professora de dança de crianças talvez fosse um trabalho perfeito para um sonho perfeito.
Acabei entrando na linha de história da educação na faculdade de educação. Passou o mestrado, começou o doutorado. Mas eu nunca tirei da cabeça a ideia fixa de voltar pra Salvador. Queria que aqui fosse de novo o lugar de onde eu iria começar de novo, ficar ou ir embora. Quase doze anos, mas na programação inicial eram 10 anos. Eu voltei com 11 anos pra cá, porque já faz algum tempo que estou aqui.
Eu nunca deixei de vir pra Salvador. Nunca. Era uma coisa meio obsessiva. Doença, loucura. Vivia em avião voando pra casa. Passava dois dias, uma semana, o que desse. Acho que já vim num sábado e voltei num domingo, no meio desses dez anos. E acho que o máximo que passei sem vir foi em 2009, cinco meses.
Eu não sei. Mas eu gosto daqui. Gosto mesmo. Claro que não é só isso, mas é isso também. Tem um monte de problemas quando você volta pra casa depois de onze anos, diferentes daqueles que você tinha quando estava longe. Perguntei a uma amiga qual seria uma das minhas qualidades e um dos meus defeitos. Ela disse que uma das minhas qualidades era o fato de conseguir se adaptar rápido às situações. Ah, defeito? Remoer demais as coisas.
Eu voltei, não sei se pra ficar. Mas é bom estar aqui de novo.
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