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terça-feira, agosto 31, 2010

Mulheres negras.

De um lado, uma moça negra muito bonita, espera na rua um carro que a leve longe dali. Ou perto também, bastando para isso pagar. Está no ponto, no seu ponto de todo dia. Sorri quando eu sorrio para ela, peço uma informação. Atravesso a rua e do outro lado, mais uma mulher negra, esta senhora, varre o chão da rua. Está no lugar de sempre, no lugar que disseram que ela deveria estar, naquele dia, sempre. Eu atravessando a rua, mulher negra, fiquei pensando no movimento entre uma e outra, e onde eu estava nesta história toda. Certamente sou uma incógnita para muita gente, saindo do lugar e do ponto onde me disseram para ficar, atravessando a rua, pegando um ônibus e vindo para a universidade. Chegando aqui, a moça da segurança me sorri, ela era a faxineira da escola onde trabalhei uns anos atrás, está contente, conseguiu melhorar de emprego, agora quer estudar, por que ouve aqui e ali a conversa do benefício da educação para a população negra. Tem três filhas, mas não deixa de sonhar. As pessoas aqui da universidade estranham que temos tanto conhecimento uma da vida da outra, eu sei seu nome e lembro muito bem de onde ela vem. Eu também me lembro muito bem de onde eu vim.

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