Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Coisa velha.

Umas duas semanas atrás e eu... Vamos lá. Eu nunca escrevo no Word primeiro, mas agora vou começar a salvar isso, pra quê, pra posteridade, para algum fim, no fim a gente sempre acha um motivo pra guardar coisas, pessoas, lugares, nomes e datas. Eu gostaria de esquecer um monte de coisas. Lembro de rostos, gestos, fisionomias pela vida inteira e às vezes tenho que fingir que esqueci de você. Eu lembro de tudo: do endereço, dos telefones, todos, todos, de cor, por que de cor é de coração, tu não sabia? Enquanto tiver aqui, vou lembrar. Mas tem coisas mais fáceis pra mim: eu consigo ouvir September Rain sem chorar, consigo acender o cigarro com o isqueiro de flor rosinha sem me emocionar ou ter bad trips, sou muito desencanada para essas memórias, visuais, gustativas, olfativas. Tá, eu lembro, mas não faço um cavalo de batalha nem sofro por isso. Eu gosto disso. Pra todo mundo parece que eu já esqueci, que sou um touro, que sou forte, bonita e inteligente. Mas é mentira. Freud diria que eu estou sempre sublimando. No quê? Nas minhas crianças, nas minhas leituras, como eu quando eu pego o ônibus de manhã cedo e adoro mostrar que estou lendo uma tese de doutorado sobre cinema. Eu sublimo quando finjo que não gosto de receber elogio, ou quando omito que fui eu quem ligou primeiro pr’aquele amigo de longe, e só depois disso ele me ligou e me mandou 15 mensagens. É assim que se leva a vida, tu não sabia? Com um pouco de mentira, lágrimas, músicas e sorrisos. Descobri que quero aprender a cozinhar. Mas de verdade. Qualquer dia eu começo um curso. Quero aprender a fazer carnes suculentas, nunca fui muito boa nisso. Primeiro que como Osho, eu acredito que hora de almoço, comida, essas coisas, é lugar de reunião, comunhão. Como diabos vou me confraternizar se cozinho só pra mim? Com o Garfield ou o Woody de plástico me olhando de cima da geladeira? Definitivamente não. Eu não consigo cozinhar de verdade só pra mim. Não tem jeito. Acho que esse curso de culinária vai funcionar melhor quando eu me apaixonar de novo. Como em Festa de Babette, quero fazer todo mundo dançar num dia frio de inverno.

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