Leiam o livro de Jeferson. Eu amo livros que falam das infâncias de crianças e esse livro conta a história, em primeira pessoa, de um menino negro de 11 anos chamado João. A lucidez de João pode fazer a gente pensar que é a voz do autor ali presente o tempo todo, mas de fato João poderia pensar tudo aquilo mesmo, e para que a gente soubesse disso, bastava aprendermos a escutar as crianças.
Parece extraordinário para quem não convive com crianças, mas Tenório apresenta um menino negro de 11 anos perfeitamente possível para quem consegue ouvir as crianças. Há belíssimas passagens no livro inteiro, mas a ideia do título, o tal beijo na parede, é um soco no estômago (dado com a força de um menino de 11 anos).
Com a imagem que a expressão evoca, o autor consegue sintetizar tantas dores e violências que meus olhos ficam marejados só de escrever aqui. Talvez porque eu também tenha beijado paredes, em sentido literal e figurado.
Jeferson Tenório
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