Era uma vez um oceano de bobeira no meio do mundo. Era um oceano cheio de água, largo e profundo. Tinha tanta água ali que às vezes, só para transbordar de leve, o oceano chorava (dizem que isso acontecia quando a tristeza lhe visitava).
A tristeza vinha acompanhando a tempestade, quando ela acontecia de chegar e chover em cima do oceano. Era confusão de água para todos os lados, era barulho, tristeza e um pouco de raiva, a tempestade não passava sem dizer a que veio.
Horas depois, quando o sol surgia novamente secando a tempestade e acalmando as tristezas das raivas, o oceano percebia que uma parte de si havia se transformado em milhares de poças d'água. O oceano sentia-se pequeno, diminuto, espalhado por aí, pelas areias do mundo que logo empapavam suas águas rasas.
O oceano convocava assim a tempestade para bagunçar suas águas e recuperar de novo suas poças que andavam desgarradas dele sem destino, se sentindo solitárias, pequenas, rasteiras.
O oceano ia então, pouco a pouco, engolindo de novo as poças d'água que lhes pertenciam, uma a uma, com a ajuda da tempestade e lhes dizia:
Nunca pense que você é coisa pouca. Você sempre foi coisa muito grande, viveu dentro de mim lá no profundo de mim, volte para onde é o seu lugar.
E era nesses dias em que o oceano engolia poças d'água que o mundo dormia calmo e em paz, depois de tormenta e tristeza.
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