Ando com sono, com vontade de ficar dormindo mais tempo do que o de sempre. Acordo, faço o que tenho de fazer e do que não posso fugir e volto pra cama, quietinha no meu canto.
Durmo, me enrosco em mim. Me faço carinho, me abraço e me lembro quem sou e o que já fiz na vida. Mesmo sorrindo e alegre por tudo isso, ainda quero ficar mais um pouco só comigo e em mim, sozinha, como uma criança que há tempos atrás chorava esperando por sua mãe na escola. Mesmo depois que ela já sabia que a mãe voltaria, ela me olhava e dizia:
tá bom, mas posso chorar mais um pouquinho?
Pode, eu posso chorar mais um pouquinho, mesmo sabendo que o amor existe, que ele não acabou, que o amor é mais e é meu, que eu vou ficar bem, que vai passar, mas só por hoje, só mais hoje, eu vou ficar no meu cantinho, quieta, ouvindo meu coração acalmar e minha respiração ofegante e apaixonada deixar de me sufocar.
Ainda bem que foi o amor quem me sugou as forças e não outra coisa, ainda bem, porque a energia que foi volta renovada e eu sei, amanhã vai ser sempre melhor. Eu sei. Eu acredito assim.