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segunda-feira, dezembro 19, 2016

Manual Prático do ódio, Ferréz.



Comprei este livro no Porto (PT), por um valor que não encontraria aqui (menos de 10 reais). Comecei a ler e terminei em duas semanas, porque estava lendo outras coisas, mas também porque quando começo a gostar de um livro, quero ir devagar, sorvendo as palavras.
O livro é bom, mas ainda fico com Capão Pecado, o primeiro livro de Ferréz. É que talvez para mim Capão Pecado tenha um outro significado, na época eu morava em SP e bem perto do Capão, tinha parentes emprestados que moravam lá...
O ritmo do livro é em geral muito bom, com algumas perdas aqui e ali, mas nada que comprometa a ideia geral que o Ferréz conta. A história se passa em torno de um grupo de comparsas que estão organizando um assalto e a partir desse fio ele vai construindo as personagens. Para mim, que leio livros como esses faz um tempo, não há muita novidade, mas como é bem escrito, prende a atenção do mesmo jeito (acho que o livro pode ser visto como sensacional por adolescentes e jovens, eu sou uma 'senhora'...). Ferréz preocupou-se em criar uma personagem feminina que, chega ao fim do livro sem tanta atuação, mas toma decisões que, se podem parecer inesperadas com relação ao que o livro nos apresenta, não destoa muito daquilo que pensamos ser as atitudes típicas de mulheres.
Ainda assim, o livro me envolveu, porque reconheci no texto pessoas muito próximas e até pude entender algumas de suas atitudes também. Nesse sentido, me disse alguma coisa mais do que terapias que usam modelos eurocêntricos de explicação da realidade, porque fala da gente, nossas coisas, nosso povo, nosso jeito.
O desafio pro Ferréz será sempre o de superar a si próprio nos bons livros que ele escreve, mas eu tenho certeza que ele já sabe disso.





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