Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, maio 05, 2011

Amor.

Meu aluno mais pretinho virou pra mim e perguntou

professora, porque você gosta tanto de mim?

Falei que gostava de todo mundo, mas no fundo entendi a pergunta dele. Na volta pra casa, chorando, entendi mais ainda a pergunta dele. Chorando? Sim, pensando em que eu só quero, hoje, um mundo menos racista pro meu aluno mais pretinho e todas as outras crianças do mundo. Um mundo em que eu não precise gostar tanto dele e nem de ninguém, só pra proteger do mal que o racismo faz. Onde eu só precise existir e ele também, e fim.

7 comentários:

Anônimo disse...

Quase tudo que você escreve parece uma birra. Até seu jeito de falar em racismo parece uma racismo reverso. Se os negros africanos fossem os colonizadores o Brasil seria um país racista do mesmo jeito. Eles seriam tão cruéis quanto os brancos. Ainda hoje existem guerras entre negros africanos que matam uns aos outros sem piedade alguma. Quem tem a pele mais clara é considerado por muitos militantes do movimento negro como tinta fraca. Nas escolas, o mestiço de pele mais clara também sofre discriminação. No Brasil, o Movimento Negro destingue as pessoas muito mais pelo visual (cor,cabelo e nariz), do que pelo ancestral. E você? Será mesmo que não é "racista"?

Anônimo disse...

Será mesmo que você deseja um mundo racista para todas as crianças do mundo, ou só para aquelas pretinhas como seu aluno mais pretinho?

Anônimo disse...

Será mesmo que você deseja um mundo MENOS racista para todas as crianças do mundo, ou só para aquelas pretinhas como seu aluno mais pretinho?

Migh Danae disse...

As coisas que eu escrevo tem relação com minhas inquietações sobre o mundo e as coisas que me cercam. Então, o que parece "birra" para você é aquilo que eu acho que de mais importante pode ser dito sobre algumas coisas que me tomam. Geralmente, achar que o que uma pessoa sente sobre determinada coisa é "birra" é um modo de desqualificar um discurso, pelo menos na minha opinião. Porque quando você fala "birra", me parece que essa sensação que eu sinto é só minha e que o racismo que eu vejo no mundo não faz sentido para outras pessoas. Eu acredito que as coisas que eu sinto não são problemas individuais. Escolhi falar no blog sobre esse assunto. Admito que não estou muito preocupada em prolongar uma discussão mais profunda sobre esse tema, sobre machismo, sobre o amor, enfim. São algumas palavras sobre algumas coisas que eu sinto em determinados momentos de minha vida, que não darão conta de explicar nada. Aqui é só um exercício de escrita, muito mal-feita em realidade, só pra descontrair, escrever, botar pra fora, enfim. Te juro que gostaria de dedicar-me mais e ofertar às pessoas que aqui vem posts mais fundamentados, com referências e tal, mas esse não é o meu objetivo primordial, desde o primeiro dia que comecei o blog, seis anos atrás. Concordo contigo que toda e qualquer colonização teria seus malefícios, mas aqui no blog não me ocupo de discorrer como seria o mundo se os negros e as negras fossem aqueles/as que dominassem essa técnica... falo de coisas que aconteceram, de um passado bem recente e como ele "mexe" agora com a nossa vida. Essa foi uma opção que fiz, repito, o que não faz com que outras versões sejam menores, inferiores. São muitos os pontos de vista e não discordo nem concordo completamente com muitos deles!

Migh Danae disse...

Você citou o Movimento Negro brasileiro e suas muitas questões. Acho que tudo isso é um bom debate, e o que eu penso soma-se a esse zilhão de pensamentos que estão por aí à solta. Acho deveras salutar que a gente discuta mais e mais sobre isso, para descobrirmos sempre quem somos agora e o que queremos. Você traz pontos importantes de serem discutidos, e eu agradeço sua contribuição. Contudo, a maioria das coisas que escrevo não tem a pretensão de explicar nada. Estou falando do que sinto, de minhas sensações quando vejo o racismo bater à minha porta. Estou falando de minha vida e não do que o mundo poderia ser se a história fosse de outro jeito. Talvez fosse o caso de continuarmos o papo, para que assim eu apresentasse minhas fundamentações sobre o assunto. A gente pode continuar por email, se você desejar.
Se eu sou racista? Muito provavelmente já tive, tenho e terei atitudes racistas ao longo da vida. O que tento fazer hoje em dia é refletir sobre estas atitudes, quando elas aparecem, como foram construídas, tentando, na medida do possível, extirpá-las de meu modo de fazer as coisas. Sou uma mulher negra vivendo num mundo tomado por valores eurocêntricos e racistas, então... minha atitude é vigilância, total e completa, sobre estas questões, para construir assim uma sociedade melhor ao meu redor, para contagiar as pessoas com a ideia de que é possível chegar num mundo onde as pessoas possam ser julgadas pelo seu caráter.

Migh Danae disse...

Por fim, perdoando teu ato falho sobre mundo racista e tals (;-), eu acredito verdadeiramente que é impossível ter um mundo MENOS racista SÓ para os negros e as negras. É esse um dos problemas centrais para nos fazemos entender em nossa luta por igualdade (de direitos): a maioria das pessoas que estão de fora disso tudo acham que queremos que o mundo melhore só para gente (que, sendo assim, o racismo é um problema do/a "negro/a"). Ora, mas se nós estamos no mundo junto, como é que o mundo só melhoraria para gente se ele fosse menos racista? O racismo é um problema do mundo atual, de todos/as nós, assim como as crianças na rua, as mulheres espancadas, e mais, e mais.
Bom, falei demais, devo ter me embananado, porque normalmente não faço revisão do que escrevo, vou num talo só. Mas responda, e se preferir, no email e aqui também! Assim poderemos continuar o papo, amadurecer ideias e aprender, que é o bom da vida.
Abraços,

Migh Danae disse...

Ah, e eu gostaria de saber quem tu é! Anônimos também me fazem parecer birrenta.
:-)