Conversei com a professora da comunidade, que com seus dois filhos passou a noite inteira em cima do pé de jaca. Um deles, o que estava em seu colo, brincava e sorria para nós, enquanto ela nos contava como era sua vida de professora e como tinha sido aquela noite.
fiquei bem ali em cima do pé de jaca
Ela dispara, no meio da conversa. Pergunto como foi, mas não quero ser invasiva. Ela quer contar, conta os detalhes. Pergunto da escola, das crianças, do trabalho. Não sei o que é perder tudo que tenho numa enchente, o presidente Lula sabe, talvez por isso tenha chorado. Eu também chorei, quando passei e vi uma mulher, pano na cabeça, cavoucando a terra no meio de sua cozinha, procurando não sei bem o quê. Algumas estavam só ali, querendo ficar perto do que tinha sobrado, procurando uma orientação.
Vi um porta-retrato com uma foto que imaginei ser de uma festa de família, pelos nuances que a água havia deixado. Pela meio das casas, ia encontrando pedaços de coisas, referências de pessoas, uma sensação triste me atravessou e me perguntaram
tá cansada?
Eu só estava triste. Mas não sabia como dizer isso direito, já que não poderia fazer muita coisa. Quem quiser e puder ajudar, entra em contato com a Defesa Civil do estado onde mora.
Água, precisam de água potável. Fiquei numa pousada e até lá a água estava bem escassa. Vi uma corrente de ajuda pelo estado de Alagoas para ajudar as vítimas da enchente. Não sei se no Brasil inteiro houve por Alagoas a mesma comoção que vi quando as vítimas foram em Angra dos Reis ou no sul do país. Não acompanho noticiário, não gosto da exploração da dor alheia.
Chorei sim, pelo que vi. Uma mulher negra de pano na cabeça cavoucando a terra.
Um comentário:
Enviarei para PE e AL algumas roupas através do SESI-SP...
Bjs!
Rafa
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