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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Abridor de latas.

Toda vez que abro uma lata na frente de mais alguém entendo como é estranha essa coisa da diferença. Sou canhota e as pessoas (destras) nunca perceberam que o abridor é feito para pessoas destras. Nem eu na verdade entendia isso, e me mordia para abrir sem entender que eu não era tão ruim assim, era o abridor que não tinha sido feito pra mim.
Mas eu dou um jeito. Abro de algum jeito. É incômodo, mas continuo.
Ou abro só a metade da lata e deixo o resto sem abrir, por que o abridor não acerta, não fica justinho na mão.
Fiquei pensando nisso dia desses por que é assim com a diferença, o preconceito.
As pessoas não conseguem entender às vezes que as coisas são de outro jeito para outras pessoas, e aquelas que não conseguem usar o abridor de lata nem se tocam que o abridor não foi feito pra elas.
Quase chorei quando comprei pela primeira vez uma manga no supermercado essa semana. A manga vem com adesivo. Tá cada vez mais difícil fazer com que as crianças acreditem que existe algo além de prédios, concreto e desamor.

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