Estava ali, no salão, fazendo a unha. Isso quase nunca nunca acontece. Entrou uma moça, paulistana da gema. Mas isso eu tava lá em Salvador, ela puxou assunto com mainha e acabou descobrindo que eu morava em São Paulo. Puxou papo comigo e perguntou o que eu achava de São Paulo, como estavam as coisas por aqui. Falei que estavam legais, mas que gostava muito de Salvador, que queria voltar. Ela começou a dizer que não gostava de nada dali, que morava há sete anos mas achava tudo uma grande porcaria, eu fiquei sem jeito e disse que gostava muito de Salvador. Mainha fica logo zangada e saiu do salão para não brigar com a moça, eu saí de lá e falei com mainha que não era pra zangar, a moça só não sabia dizer as coisas direito.
Sabe? A grande maioria das guerras devem ter começado assim. Não num salão de beleza, mas sim por que alguém ficou dizendo que isso ou aquilo era mais bonito ou mais gostoso, aí alguém mais esquentado foi lá e pimba, tacou um míssel e matou um montão de gente. Fiquei pensando nisso e fiquei pensando que não dá mais pra ficar explorando essa idéia de São Paulo não presta, odeio esse lugar. E que Salvador é cidade idílica, que lugar bom de morar.
A verdade é que São Paulo é metrópole, e como toda metrópole, tem suas coisas. As pessoas devem saber disso e devem saber que não é fácil ser agradável e gentil numa cidade com dez milhões de habitantes. E as pessoas correm por que precisam correr e depois querem até parar de correr mas tá todo mundo correndo e o tempo, ah, o tempo, ele é outro.
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