Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Escaninhos.

As memórias percorrem caminhos estranhos para nos fazer lembrar de coisas tão boas que nunca deveriam fazer voltas para aparecer de novo. Andando com mainha pela Baixa dos Sapateiros, Barroquinha, de mãos dadas ela ia me contando de sua infância e adolescência, como tinha medo daqueles becos que desembocavam no Pelourinho, tão estreitos e misteriosos, como desejava os vestidos nas lojas e coisa e tal. Fomos subindo em direção à Praça Castro Alves e ela de repente lembrou lembra quando tu era pequena que se perdia sempre que a gente saía? E aí veio tudo de uma vez só, eu me perdia na feira, me perdia no supermercado, na loja, no shopping, na rua, lembro bem da minha cara de criança olhando o mundo - lembro agora de Bia que pede pra Zandra quando acorda elizanda, me leva na laje, quero ver o mundo - eu lembro bem que eu era pequenininha e olhava pra cima, me concentrava no que estava olhando e quando eu olhava pro lado, pra frente, nada de mainha, a gente se procurando entre as pessoas e coisas, a gente sempre se encontrava, de novo os mesmos conselhos, mas eu sempre achava que não tinha nada demais parar para olhar direito as coisas, que tinha alguma coisa errada na pressa em fazer, olha eu ali me perdendo de novo e daquela vez mainha tinha ficado mesmo preocupada, botou no som do supermercado o meu nome, bem na hora que me encontrou falaram meu nome, eu achei que era magia de mãe, fiquei encantada e orgulhosa de sair do supermercado de mão dada com alguém que tinha super poderes, aha. Fico pensando se é por isso que eu gosto de me perder por aqui, se é por todas essas histórias que eu escolhi ficar longe às vezes, olhando com cara de criança pro mundo.

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