Você que me lê, me ajuda a nascer.
sexta-feira, novembro 28, 2008
Isso foi ontem. Hoje é ontem.
Indo para o trabalho, vendo uma criança que apoiava a cabeça no colo de sua mãe, meus olhos marejaram. Senti falta da minha, senti a força de um amor tão bonito que põe a cabeça no ombro e esquece do mundo, que não quer mais nada além de ser feliz ali, com a cabeça no ombro de mãe. Ombro de mãe é outra coisa, por mais que não se fale. Chorei então, e me permiti sentir, mais uma vez, saudade.
Não sei mais como fazer com certas coisas, envelheço, alongo o corpo mas o coração não quer saber de mais sofrimento, então eu já disse que não quero mais sofrer por coisa pouca, coisa pouca eu vou ali e falo tudo, boto pra fora e em segundos já estou melhor por que bem mesmo só se as pessoas que amo entendessem que meu amor não precisa de nada, só precisa de amor. De amar.
Não adianta ser Migh se tu não tiver jogo de cintura com as pilantragens da vida, com as pessoas que não sabem ser elas mesmas e se irritam com você sendo vinteequatro horas por dia, é quando você olha pro lado e vê que pessoas que estão no seu caminho e que tu dá a mão precisa também aprender a ser só e a parar de ter medo, ciúme e raiva que você entristece um pouco mais, mas, eu lembro de um moço que num abraço apertado me disse que dura eu não ia ficar por que eu tinha medo de ficar dura. Quis ele pra mim, quis roubar sua luz... não entendi. Deixei pra lá. Nos encontramos nos trens da vida.
Tem dias que em São Paulo o único encontro que presencio são mesmo os dos trens. Dois trens se cruzando, você já viu? Encontro São Paulo: os vagões que não se olham, não se beijam, não se batem. Correndo, não se sabe quem corre mais, mas sempre é corrido. Vrrrrrum, e lá se foi mais um encontro dos trens. Ele lá, eu aqui dentro. Bem-vindo a São Paulo.
Gente que vai e que vem, e gente que na verdade nunca foi, e talvez nunca tenha vindo. Estão aqui, estão-estão. Não sei dar um jeito nelas, por que também não se tem jeito a dar em tudo na vida. Tem coisas que tu empurra com a barriga, coração, cabeça. Finge que esqueceu, sorri, é mentira.
Estou cheia de segredos, estou triste. Descobrindo coisas de mim mesma e de pessoas tão perto que não consigo escrever muita coisa, é tanta idéia na cachola que. Lendo Pedro Juan, leiam Animal Tropical, leiam qualquer coisa de Pedrito, ele é pervertido com classe, faz você entender por que pessoas como ele existem, ele se justifica em cada parágrafo; nesse livro, falando de felicidade e liberdade como caminhos, não como metas. Derrubei açúcar na cozinha, dizem que açúcar traz felicidade, derramar faz bem. Não sei. Não senti nada na hora. Se acontecer alguma coisa, eu escrevo aqui.
Tanta gente, gente nenhuma. Todo mundo te fala, te elogia, te diz bonita, mas nada aqui dentro acontece. Seca? Dói. Arestas nem sempre são fáceis de aparar, como asas que crescem do dia pra noite, você tenta esconder, como flor no alto da cabeça que você tenta podar. Mas me disseram
você é um encanto
quero você com seus medos, mas não com talvez
quer namorar comigo?
E eu me pergunto: por que eu faço isso comigo?
Sinto falta de mato, de terra, de barro, de pedra, pau, folha seca, pássaro. Sinto falta e não com hora marcada, quero nadar no riacho, como diz Brown, quero uma casa no campo, quero flor, quero brincar de pôr formiga pra brigar, quero prender aranha no vidro de maionese, marcar hora pra ver lagarta virar borboleta, quero caçar esperança, grilo. Quero natureza entrando e saindo pelos meus poros, quero vida. quero tudo isso mas não apenas num fim de semana e tchau, quero viver sem pressa, quero achar graça nas pessoas que correm quando saem do trem, quero estranhar as agressões diárias que as pessoas se permitem receber e fazer, quero olhar com alma de criança pras coisas, quero ficar só sem ter que dar satisfação de nada disso que escrevi aí em cima.
Na lua cheia, abracei
Abracei o mar
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2 comentários:
ô mulher. sinto como se sua saudade fosse minha, sabia? na verdade, saudade é um troço da porra, né? se sentir é ruim, não ter do q sentir é o mesmo q saber q não se teve nada de bom. e não ter nada de bom é pior do que já ter tido...
Concordo!
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