Você que me lê, me ajuda a nascer.
terça-feira, novembro 04, 2008
Goiânia, agosto de 2008.
Eu não, sei, menina, sei não, disse ele desvestindo a roupa e entrando de novo debaixo das cobertas, mas é esse olho quando me olha, ele me disse, me olhando, esse seu olho me chama e que chama, acende tudo, eu quero de novo, chega aqui, vem perto, vamos só mais uma vez antes de ir embora e nunca mais a gente se vê, como é mesmo o seu nome? Marina, ah, Marina, eu lembro, sabe que meu pai sempre cantava uma canção quando eu era pequeno que falava de uma Marina que se pintava, mas você não se pinta, seu olho quando me olha não tem pintura mas me devora mesmo assim, tu não precisa de lápis no olho pra desenhar todos os caminhos por onde vão passar meu coração até chegar na calmaria dos teus beijos de novo, eu vou embora, você também vai?, a gente não vai se ver mais, vamos aproveitar então, deixa eu chegar mais perto de você, quero saber o que tem por trás destes olhos que me olham, ou o que eles fazem quando descansam, quando tu dorme quem cuida de quem tu olha e seduz assim, me diz, me conta, ou não, tá bom, não quero saber, a gente não vai se ver mais. Vem aqui.
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O que a solidão me trouxe? A palavra.
Hoje sei sorver mais e melhor os doces e as passagens.
Hoje sei escrever coisa bonita com dor no peito e no corpo.
Hoje sei sumir e nunca mais dar noticia, ser ruim.
A solidão me trouxe a calma de uma amanhã ainda solitário, então, coisas pra fazer, livros pelo chão e casa em desalinho, quem se importa?
A solidão me trouxe o choro escondido, a fragilidade perene, a fragilidade forte que não assume ser frágil, que só assume as dores quando elas já não doem, a solidão me trouxe as defesas de novos amores, os esquivos de longos amores, as dores de amores que não vão embora junto com a ressaca.
A solidão me trouxe. A solidão me leva.
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3 de novembro.
Ali embaixo, rua de baixo, árvores retorcem o cimento da rua. Não passa nada. Três árvores, imponentes, sobrevivem. Eu passo perto delas, admiro suas raízes, lembro que
só quem conhece suas raízes pode voar
Foi assim comigo. Só quando conheci minhas raízes pude voar mais e melhor. E voltar sempre. Lá em Salvador, na casa velha, lembro que quando a gente foi derrubar a jaqueira no quintal, tinha raiz lá na sala. A gente assistia TV’em cima da raiz da jaqueira, isso por que ela deixava, por que ela quis. E eu gosto de um amigo que diz
livro é arvore, é chão, é pão
Me satisfaço então.
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