Você que me lê, me ajuda a nascer.
quarta-feira, outubro 29, 2008
Nada demais presta.
Vejam vocês, eu sou uma manteiga derretida. Ninguém choraria ali naquela hora do filme, o pai e a filha juntos cuidando da vaquinha no pasto, ela com um machucado na teta, olha como eu viajo, choro pensando como seria bom ter tido mais momentos de pai e filha com o meu pai. Lembro quando era criança e ele me fazia cócegas com a barba, eu fingia não gostar mas ficava pronta esperando ele me puxar pro colo e me futucar com sua barba carraspenta. Esses tipo das coisa, como diria meu amigo camaronense.
Manteigo pra umas coisas, endureço pra outras. Tenho que aprender tanta coisa. Quando é que sou eu, quando é que é a outra pessoa que tem que falar, dizer, sentir. Não sei ainda nada do mundo e me arvoro a conhecer as coisas e os sentidos, não dá pra estudar as relações humanas no ponto de vista cartesiano, as relações são fluidas e quando você vai ver aquilo que doía cresceu e não dá mais pra dizer o que é, o que foi, misturou com outros sentidos e agora não tem mais tanta importância, deixa pra lá.
Joel Rufino falou, eu assino embaixo. Essa mania de fitar estantes é minha também, e vai ver é por isso que adoro tomar banho de porta aberta (o vizinho também aprova!), do chuveiro consigo ver a minha estante de livros, cena inóspita e bela, adoro fitar estantes. De biblioteca, de livraria, vale qualquer uma. Correr a mão pelos livros, só olhar a capa, sentir o cheiro do livro, ler a orelha e guardar de novo, mesmo lugar. Mania.
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28.10.08
Ninguém sabe é de nada da vida. Quando tu pensa que fechou o livro de história vem mais uma historinha e tu se perde no fio da meada, bebida e mais umas palavras, suspiros, pronto, já fez besteira, já falou o que pensava e nem sempre é bom, não quando é para alguém longe e sem coragem, mais um, mais uma dose, na verdade, não é fácil, Vírginia diz
quem de dentro de si não sai
vai morrer sem amar ninguém
Guente uma dessa na cabeça e experimente ir dormir com esse barulho martelando lá dentro. Eu não sei de nada, nada mesmo, só sei do que sinto, e quando sinto eu digo, por todos os poros falando e refazendo, eu não tenho medo de nada, nem de bicho que voa na noite nem de amar de novo a mesma pessoa. Quem liga? Eu ligo, mesmo sem crédito.
A cada dia que passa estou aprendendo a viver com menos. Menos dinheiro.
terça-feira, outubro 28, 2008
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Antonio Gedeão
quinta-feira, outubro 23, 2008
Presente.
Crianças, escrevam frases com verbos no passado, presente, futuro!
Vem a menina:
minha vó tem um passado
eu tenho alguns passados
terei um futuro pela frente
terça-feira, outubro 21, 2008
segunda-feira, outubro 20, 2008
domingo, outubro 19, 2008
Olhando no espelho.
Para a infância negra
Construiremos
Um mundo diferente
Nutrido do axé de Exu
Do amor de Obatalá
Da espada justiceira de Ogum
Neste mundo não haverá trombadinhas, pivetes, pixotes e capitães de areia.
Abdias do Nascimento
sexta-feira, outubro 17, 2008
quinta-feira, outubro 16, 2008
Pérolas.
A gente sempre esbarrando por aí nas pérolas das crianças. Dessa vez foi o mocinho, que via a professora todo dia falando que não podia mascar chiclete na sala nem chupar bala. Um belo dia, aparece a professora, enfiou uma bala na boca no meio da aula. A tarde inteira de danação e traquinagem, até a hora que a professora deu o sermão, dizendo que ninguém ia no parquinho, já que tinham malinado a tarde inteira. No que levanta o mocinho
a gente vai no parquinho sim, professora, por que a senhora disse que não podia chupar bala na sala, e descumpriu o acordo. mostra a língua aí, tá vermelha, da cor da bala, mostra aí, vai
A professora, muito consciente de seu papel e de seu exemplo, não ia descumprir o acordo, relembrado e proferido por uma criança de cinco anos. E pra completar, me disse
e eu lá ia dar ousadia a ele de mostrar minha língua vermelha? fui pro parquinho, ele tava certo
Da outra vez fui contar história num evento numa escola, peço pra todo mundo me dizer, nome, idade e série, escola onde estuda, chega a vez de uma menininha,
meu nome é Gabriela, tenho seis anos, não estou na escola por que minha mãe não achou vaga
Silêncio total, eu com que cara continuo ali, tentei emendar umas perguntas sem sal, mas tu quer estudar, ela hum-hum, menina pequena mas de alma coragem que me disse delicadamente, existe um mundo para além do seu moça-letrada, é o mundo onde as mães não conseguem vaga e eu, menina esperta que sou, quando sei que tem história de graça em escola perto de casa, vou. Aprendo mais assim, com essas pancadas da vida, do que lendo tratado de sociologia.
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Cássia Eller disse que não sabia usar o amor. Será que eu sei? E quando a gente tá tristinha, faz o quê com o amor que tem pra dar? Será que o amor fica triste dentro da gente também? Será que fica com raiva? Amor com raiva faz bico e cara feia?
Queria nunca mais repetir a cantilena, mas quero mainha, quero Lagoa, sofá vermelho, comer bolo de feijão com a mão, dormir na cama dela, chegar tarde e ir no quarto só pra ver se ela está lá. Mas também quero quero outras coisas, só não quero que me deixem, queria colo mas sem compromisso nem pena, queria cheiro de alfazema, quando eu era criança tomava banho e corria no colo de painho, só pra ele me cheirar. Mas agora é a dureza da vida toda, é mundo grande que não se acaba, palma da mão pequena pra mostrar o quanto andei, quero café com cuzcuz de manhã cedo me esperando, quero bater tampa de panela procurando comida que acabou de ser feita por ela em minha casa, quero mesmo que seja panela vazia, quero colo, quero alegria, gente sorrindo, conversando na rua, risada à toa, mormaço de fim de tarde, cheiro de chuva na terra, não quero guerra nem muita filosofia, quero meio do dia sol a pino, brincar de fura-pé que nem menino, quero-quero tanta coisa, mas fico aqui na frente dessa máquina, esperando o tempo passar, só pra mudar de tempo, quero e não sei se não resolvo por medo, desespero ou desemprego.
segunda-feira, outubro 13, 2008
Nem que eu bebesse o mar,
Enche não. Enche o fundo não.
É quando eu venho pra essa casa, dormir aqui, sentir esse frio dessa casa, mas esse coração quente da dona dessa casa, que eu sou mais feliz. Ela olha pra minha cara e me xinga todinha, diz que eu não ligo pra ela mais, e eu digo que ligo e ela não me atende, ela diz que eu ligo e só toca duas vezes, daqui que ela saia do tanque de roupa e chegue com a mão sequinha pra me atender o telefone já parou de apitar, eu é que sou apressada, só ando correndo, dorme aí, vai, antes de entrar no serviço, só um pouquinho, chegar atrasada um dia só, quem liga?
Eu passando na rua, as crianças me comprimentam, dos dois anos aos onze, elas me conhecem, algumas querem só dizer oi, outras pulam no pescoço, outras querem tocar minha mão, é só isso.
Não quero conversa por que às vezes você escreve mas quer que um certo alguém diga que legal o que você escreve, mas ele nunca diz, mesmo que todo mundo ao redor dele diga, ele só fala "bom", e muda de assunto, que chato isso, por que você escreveu pra ele, ou, pelo menos, pra ele dizer o que acha. Deixa.
Então por isso me larga. Estou cansada. De um monte de coisas. Cansada de solidão. Culpa minha? Culpa não.
A sensação que eu tenho é que um acarajé de Cira resolveria tudo isso.
quinta-feira, outubro 09, 2008
sexta-feira, outubro 03, 2008
Antídoto.
http://www.itaucultural.com.br/index.cfm?cd_pagina=2830
Ilê Aiyê em São Paulo. Mesmo que venha só metade da Aiyê, mesmo que eles e elas só cantem e dancem duas músicas no meio do show todo, vale a pena ficar na fila.
Mais da mesma.
mulher tão presença e tão preciosa
e só vou responder pra você que merece atenção agora e sempre, a minha, a tua e a do povo que se enredar na tua bateria
responder que tu merece muita idéia e consideração, não sei se mais do que você imagina, porque você é fera, é pessoa de olhar bom e de gira e de vontade de transformar raiva em amor
tu é massa
quarta-feira, outubro 01, 2008
São Paulo mesmo.
Que interior que nada. Isso é São Paulo.
Quer comer uma galinha? Leia a receita de Vó Teté, caderno 2:
Modo de Fazer:
1. Mate a galinha.
Quá.
Migh Fotógrafa.
Guia de Melhores Banheiros de São Paulo, por Migh Danae.
Se você estiver pelo Centro e quiser fazer um pipizinho básico, dê uma paradinha no Centro Cultural da Caixa. Melhor banheiro no quesito charme, tranquilidade e limpeza.
Detalhe na poltrona must.
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