Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Olhos negros, cruéis, tentadores.

Escrever alguma coisa no meio da loucura do Carnaval, tem chuva, tem mudança, ontem foi a lavagem da casa nova, mas não teve réza, tem terreiro de Yemanjá do lado de casa, tem Lagoa do Abaeté no meu quintal, tem acarajé de Cira 24 horas, eu sou feliz, era só avisar meu irmão pra ele não ir embora agora que eu seria completa, mas completa não existe, falta sempre um pedaço dentro da gente por causa de alguma coisa, saudade ou tristeza, vai saber da vida, é ela quem me leva às vezes, mas só às vezes. E depois do amor ouvir música de Carnavais antigos é coisa que só acontece quando você está aqui em Salvador, não querer ir embora e se perder pra sempre num abraço, mas o dever nos chama e outras viagens te esperam na segunda-feira, férias dá um trabalho danado e coração não entende, quer se enrabichar. Respiro fundo, subo a ladeira e finjo que não senti nada, mesmo que aqui dentro do meu peito apressado que nem escola de samba um pedaço vermelho que pulsa não páre de bater tumtumtumtum, não aprendeu a marchinha e dança no compasso de samba sincopado, kuduro perde feio quando o coração escolhe bater acelerado. Gostaria de escrever uma canção, gostaria de escrever uma poesia, mas todas as minhas forças se esgotaram, e é quando eu vejo Ele que tenho certeza, sim, quero voltar, quero ficar aqui, mesmo que eu viaje para sempre, é para cá que eu quero voltar, é sim. Te prometo então, uma canção, uma poesia, nessa ordem, na coragem da batida do samba sincopado. Eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua (se for preciso, eu sumo)

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