Você que me lê, me ajuda a nascer.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Maira Kalman, essa é a mina.
Dona de um blog no NY Times, a mocinha chamada Maira Kalman não gosta que chamem a sua coluna virtual de blog. "São mini-histórias", elas diz. Adorei o nome. Eu diria que as minhas são micro-histórias. Adoro esse nome, a História Nova batizou e eu me aproprio, adoro me apropriar, vamos customizar as palavras.
Olha o que ela escreveu, a Maira:
"Será que uma emoção por causa de um acontecimento pessoal é mais grandiosa ou mais banal do que ler Descartes?".
Então perguntaram pra ela:
Como é o processo de composição de seu blog?
MAIRA KALMAN - O processo é orgânico. Eu caminho pelas ruas e leio e tiro fotos e penso sobre as coisas, e um tema surge. Talvez uma mini-obsessão do mês. Depois eu rabisco e colho mais imagens e tropeço em mais fragmentos e depois junto tudo. Depois escrevo e reescrevo e desescrevo.
Bonitinho ver alguém falando alguma coisa que a gente sempre fez mas não sabia dizer, né não? Me aproprio também.
Sua coluna mistura o banal e o denso. Qual é a diferença?
KALMAN - Não há possibilidade de distinção entre o sublime e o trivial. É impossível alguém funcionar sem os dois e, na maior parte do tempo, ninguém tem certeza sobre qual é qual. Será que uma emoção por causa de um acontecimento pessoal é mais grandiosa ou mais banal do que ler Descartes? O cérebro está tentando resolver problemas o tempo todo. Não faz sentido categorizar as coisas. Mas, se eu tivesse que dizer algo sobre as coisas pequenas da vida, diria que elas me dão um prazer muito intenso.
O fato de você ser judia e nova-iorquina é uma condição inescapável para o seu trabalho? KALMAN - Os meus pais saíram da Rússia para Israel nos anos 30. Essa realidade definiu os sentimentos deles e a maneira como eles nos criaram. O Holocausto era uma realidade constante na minha família. Nós carregávamos essa noção da fragilidade da vida misturada a uma determinação e flexibilidade quando nos mudamos para Nova York. Mas nós sempre nos consideramos estrangeiros, o que acho que foi na verdade uma coisa boa. Me fez olhar e ouvir. Algo que eu ainda amo fazer. A minha família também tinha um incrível senso de humor. Era uma parte muito importante nas nossas vidas. E a cultura. E a comida.
Não tem como não gostar dela. Virei fã.
As respostas à sua coluna são afetuosas. Isso se deve a algum tipo de falta de afeto urbano?
KALMAN - Acho que eu sou uma pessoa afetiva com certa dose de reserva. Acho que todos se sentem assim. Muito solitários, às vezes. O que se pode fazer?
Já ouvi isso em algum lugar. Que pena que não dá pra acessar free, tem que pagar U$$ 7.50 mensais para eles. Humpf.
FONTE: Folha de São Paulo do dia 19.02, Noemi Jaffe.
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