Comecei a ler o livro e me deparei com a pergunta de "como é que Ayesha sabe tanto de Salvador assim?". Fui fuçar e descobri o que imaginava: ela escreveu esse livro quando esteve residente no
Sacatar, em Itaparica. Só podia ser!
Sabia, sabia. Que bom que essas residências existem para aproximar a gente.
Gostei do livro, mas gostei tanto do fim que achei que ela poderia continuar mais umas cem páginas depois do encontro das irmãs, especialmente porque elas, gêmeas, foram separadas e se encontraram quando já não estavam mais achando que ser uma só era pensar parecido. Essa ideia ficou reverberando em mim de um jeito especial, ainda mais quando elas conversam assim:
- Você deve acreditar em algo.
- Nós. Acredito em nós. Encontramos uma a outra, usando nossos sonhos. Cristianismo. Islã. Otienu... Isso tudo existe pra nos manter na linha e nos dar algo além de nós mesmos e nos manter sob controle. Nós, pessoas, podemos e devemos olhar para dentro de nós mesmos. Mas talvez fique com Otienu. Nossa crença. Eu posso respeitar isso. (p. 219)
[...]
Husseina observou os músculos do rosto da irmã estremecerem. Era verdade que tinha que ser paciente com Hassana, mesmo que a irmã nunca se tornasse uma pessoa de fé. Então se deu conta. Hassana acreditava em algo.
- Obrigada por acreditar nos nossos sonhos.
- Eu que agradeço - Hassana disse. - Por me salvar. (p. 251)
Me senti falando pela boca de Hassana e fui feliz. De fato, ler é uma das melhores coisas do mundo.