Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, junho 27, 2024

quarta-feira, junho 19, 2024

Eu agradeço.

Eu sou tão grata à sorte que eu tenho na vida que nem sei o que dizer. Hoje eu disse para minha mãe o quanto eu sou agradecida por ela não ter me abandonado e nem desistido de mim, quando a gente passou todo aquele sofrimento juntas quando eu era bem pequena. 

Ela nunca me abandonou.

Pode parecer uma bobagem, mas para mim diz tanto. Ela poderia ter feito qualquer coisa e nada estaria errado, porque com a vida que ela teve e as poucas escolhas que tinha, qualquer coisa teria sido justificável. Mas ela mesma disse hoje, ela nunca pensou em me deixar para trás.

Ela me carregou junto com ela até quando eu comecei a andar sozinha. E eu andei. Andei, voei e estou aqui. Cheguei aos 43 anos muito satisfeita de ser quem eu sou. Feliz, animada, acordando todos os dias esperando por uma boa notícia. 

Não tenho como não agradecer e reconhecer todos os esforços que ela fez. Quando lembro de alguns deles, impossível a água que fica dentro do olho não querer esquentar minhas bochechas, como já fez hoje. Temos histórias que hoje se converteram em histórias anedotas, mas que quando aconteceram não tinha graça nenhuma. 

Peguei tudo isso, bati num liquidificador e tomei um suco de coragem que me dá uma força e nem mesma eu acredito quando estou subindo uma ladeira dirigindo um carro e ouvindo Rihanna me dizer

As pessoas devem achar que eu sou louca. Mas, eu sou mesmo. Eu sou tão feliz que, nesse mundo, só pode ser loucura. 

quarta-feira, junho 12, 2024

Vida de Professor (Especial Comédia): Diogo Almeida.


 

49,9%

Eu descobri que a cidade onde eu moro há 49,9% de pessoas que se declaram pretas. P-R-E-T-A-S. O número de autodeclaradas negras é de 94%. Considerando que sempre é para mais, eu chutaria uns 96% ou 97%. Eu ando nas ruas e vejo. 

No horário da academia, eu não tenho nenhuma colega que não seja negra. Quando eu sento na cafeteria, há sempre pessoas negras servindo e sendo servidas. Quando eu ano na rua, ver uma pessoa branca é realmente muito difícil. Há pessoas pardas - que até podem se considerar brancas na cidade, já que somos tão negros/as - sim, mas pessoas brancas, eu realmente não as vejo. 

Sim, verdade, eu tenho uma vizinha branca. Tenho dois vizinhos, uma branca. Uma daquelas que estão entre o 5% de pessoas que se declaram brancas. Passamos muito tempo sem nos ver (nossas casas são longe uma da outra) e, muitas vezes, a gente só buzina uma para outra. E está tudo bem, pelo menos para mim. 

Meu vizinho negro chega do trabalho e canta músicas de amor (eu sei porque a casa dele é em frente à minha e não tem como não ouvir - e sim, eu quero ouvir). Eu daqui às vezes completo uma música e às vezes a gente conversa sobre a vida e os bichos e a morte e o medo. E também está tudo bem, pelo menos para mim. 

Ser negra aqui é quase tão comum quanto respirar. Isso ajuda muito a você entender o quanto você é pessoa. 

Das nove cidades mais negras do Brasil, oito estão na Bahia e São Francisco do Conde é uma delas. Vocês ainda me perguntam porque eu amo morar aqui e porque eu não penso em sair dessa cidade?

Eu não vou a lugar nenhum. Para mim, a felicidade mora bem aqui, entre o quintal e a Baía de Todos os Orixás.  


domingo, junho 09, 2024

Reino Transcendente, Yaa Gyasi.


Eu já li esse livro faz tempo, esqueci de postar (mas vou postar no dia em que comecei esse post)... foi um livro que me fez lembrar muito de mim e do meu irmão, das relações fraternais que temos ou não temos... mexeu muito comigo, em vários aspectos e eu recomendo demais. 

Como sabem, eu não escrevo resenhas dos livros, eu apenas anoto aqui para saber o que ando lendo. Mas sim, sim e sim, leia Reino Transcendente.

Yaa continua ótima, gostei de tudo que li dela até agora. Leia você também e veja o que acha.


Yaa Giasi

 

Prata no bolso.

Só agora conheci essa música, poxa.


Quem me protege, não dorme.


 

Namaste.


 Sem mais.

quarta-feira, junho 05, 2024

Beleza.

Eu disse a ele

Sabe quando a pessoa tem certeza que é bonita?

E ele

Não

E eu

Quando você vai à casa dela e ela não tem um espelho sequer 

Ele riu, mas sabe que é verdade. Ele é bonito mesmo. Não é um bonito mais ou menos. Ele é bonito por ser ele mesmo, por saber que é sem precisar de espelho ou de alguém que fale. Eu passei um tempo olhando para essa beleza, eu sabia que tinha pouco tempo mas queria registrar com os olhos aquela maravilha de beleza que estava ali ao meu lado, às vezes de longe você consegue ver ainda mais a beleza, mas eu queria apreciar também de perto, do lugar onde ele escolheu estar naquele dia em que a gente se encontrou por acaso.

E eu disse

Só de poder ver essa beleza toda várias feridas na alma são curadas, a gente precisa de beleza na vida

E ele

Que bom que eu provoco isso em você

Não só isso, eu pensei comigo, mas só isso já seria muito para aquele dia cheio de surpresas. A vida é incrível, eu e ele concordamos. Deve ser porque chegamos ao fim do dia juntos, não teria como pensar diferente. 

Elza me deu régua e compasso.

 A carne mais barata do mercado (matrimonial) é a carne (da mulher) negra.

Estou feliz que minha mãe morreu, Jennette McCurdy.


Li e recomendo, li e gostei, li e entendi coisas. Jennette não poupou nada nem ninguém (nem a ela mesma!) ao escrever esse livro e por isso ele chama tanto a atenção, por isso ele é sério. Ela não está tentando construir uma imagem ótima de si mesma e uma péssima imagem da mãe e de outras pessoas ao redor. Ela também está caindo no abismo e conta para a gente como é que isso aconteceu e o que ela fez para não sucumbir completamente (e, de quebra, escrever um livro).

Gostei muito, mas como todo mundo sabe, parei de escrever resenhas, por você encontra muito fácil por aí, aqui é só mesmo para anotar os livros que li na vida e fornecer algum comentário rápido sobre a experiência. 

Jennette McCurdy

 

Roda Viva: Grada Kilomba.