Você que me lê, me ajuda a nascer.
sexta-feira, abril 30, 2021
quinta-feira, abril 29, 2021
quarta-feira, abril 28, 2021
domingo, abril 25, 2021
sábado, abril 24, 2021
quinta-feira, abril 22, 2021
Te amar.
Um exnamorado (amo exnamorados, eles nunca vão embora) me disse que eu sou o amor em pessoa, que nunca viu gente para amar mais o amor do que eu. Vira e mexe ele me manda coisas amorosas, até hoje, quase vinte anos depois.
Me encho de orgulho mas no fundo fico vaziaQual é o o teu segredo que me prende como magia?
És quem eu mais amo e odeio em todo mundo
Pedimos um tempo e não cumprimos um segundo
Hoje eu não quero fingir que eu não te amo
Meu problema com as palavras.
Uma moça diz que queria saber porque eu tenho um problemas com as palavras. Ela disse que toda aula eu dizia algo sobre alguma palavra que não caía bem e ela passou o semestre tentando entender porque.
É que palavra diz muita coisa e eu acho que algumas não cabem; também não sei qual outra que se põe no lugar. Fico pelejando para aprender outras tantas, jeitos de dizer, mas nem sempre consigo. Aí, quando preciso usar aquela palavra, eu sempre sinalizo que não gosto dela e não a queria. É por isso que fico assim conhecida com a moça com problema com as palavras.
E eu tenho, mesmo.
Recorte metodológico
"A questão de"
Empoderamento
Afrodiásporico
Lugar de fala
As pessoas ficam usando as coisas sem critério, tudo vira qualquer coisa e a gente já não sabe do que estamos falando. Isso é coisa de quem é a chata dos conceitos e queria entender mais de filosofia da ciência. Fico aqui achando que a vida não precisa de nada disso, mas eu não consigo não ser eu por muito tempo. Aí falo.
Antropólogos explicam código de riqueza no Brasil, UOL TAB.
quarta-feira, abril 21, 2021
Chorona.
Ando chorona. Não, não.
Ando, sento, como, durmo, leio, vejo, sonho chorona. Não sei o que me deu, não é fase, é só água. Muita água aqui.
Mas tudo bem, não precisa passar.
Porque eu choro e sorrio, então ninguém abandonou o barco. Está tudo aqui, sentir é melhor do que saber nessas horas.
Email.
Ontem num curso, alguém disse que email é um canal tradicional de comunicação.
Eu quase tenho um piripaque, porque eu não sabia disso, ninguém me contou.
Acho email tão moderno, tão... comum. Normal. NORMAL. Simples, certo, o MEIO CERTO de comunicação. Brincadeira.
Nem sabia que eu amava uma coisa tradicional.
Eu mando emails para tudo. Já fiz boas amizades porque mandei um email. Nunca vou deixar de mandar email. E vou dizer, meu amor por email existe porque olho para ele e vejo um envelope de carta ali, como ícone.
Carta sim é coisa tradicional, não? Eu mando bem menos do que eu gostaria, talvez umas duas por mês.
Quando não sinto vontade de mandar carta para alguém que estou namorando, pode ter certeza, alguma coisa não vai nada bem.
Leve.
Eu não entendi na hora, mas depois eu vi que ele estava dizendo alguma coisa sobre como tinha sido leve me conhecer.
Eu sou leve, eu pensei?
Eu não, sou não. Ou acho que não. A gente nunca acha que a yoga e a meditação fazem efeito até você olhar para o mundo ao seu redor se despedaçando e você ainda sorrindo e chorando e indo, indo. A gente nunca acha que tirar um tempo de folga todos os dias e não só aos finais de semana ou nas férias fazem efeito até ver que todo mundo está adoecendo e chorando e morrendo. A gente nunca acha que ler romance além dos livros que somos obrigadas a ler vai nos fazer melhor e mais animada com a vida que dá certo.
A gente nunca acha que é leve, eu acho.
Ainda mais quando ele me fez perguntas difíceis e eu o bombardeei com as minhas ideias toscas sobre liberdade, amor e dependência. Não achei aquela provocação nada leve, mas ele ainda foi embora pensando assim.
A gente nunca acha, mas alguém acha pela gente e às vezes nos diz. E me disse depois que chegou lá, no lugar que ele precisava ir.
Apenas.
Eu disse a ele que escreveria coisas das coisas que ele me disse mas agora, aqui não me lembro de nenhuma assim. Nada. Não é que não tenha acontecido nada. Não foi isso e eu não sei o que foi. Estou pensando nele e em mais nada e não lembro de coisas que ele disse, só da sensação da sua presença.
vem aqui, deita no meu peito
E eu fui. E dormi.
Procura.
You are my tomorrow
domingo, abril 18, 2021
terça-feira, abril 13, 2021
segunda-feira, abril 12, 2021
sábado, abril 10, 2021
sexta-feira, abril 09, 2021
Quero ficar sozinho.
E se alguém te diz assim
tenho de aceitar que tenho de viver sozinho
Você desliga o telefone, insiste um pouco mais ou acha que ele está fazendo cena? Você sabe o que fazer? Eu não sei, não. E não fiz.
E o meu coração embora, finja fazer mil viagens, fica batendo, parado, naquela estação.
quarta-feira, abril 07, 2021
terça-feira, abril 06, 2021
segunda-feira, abril 05, 2021
quinta-feira, abril 01, 2021
Construção.
Será que quem vive a vida em casa sem terminar de construir, que passa a vida vendo casas sem rebocar, conseguem entender e aceitar melhor que, na vida, as coisas nunca vão estar prontas? Será que essas imagens - o chão que não tem piso em todos os cantos da casa, o banheiro que falta terminar a parte elétrica por anos, nos faz entender melhor como a vida funciona e aceitar suas intempéries, imprevistos, improvisos?
Quando você estiver pronta, feche os olhos
Será que o que alguns chamam passividade não seria também uma resignação refletida e uma ideia de que não podemos controlar tudo sempre? Não teria mais namastê em aceitar que a vida não tem fim enquanto se vive do que aprender a respirar num tapetinho de yoga?
Sons da cidade.
É homem da uva, o homem do tempero e fruta, o carro do ovo, do iogurte, da vassoura e do balde por dez reais que me dizem que eu não estou sozinha em casa, em frente a uma tela, no meio da pandemia.
Às vezes, até o carro funerário me diz isso. Eu não estou sozinha e estou viva.
Ladeira.
Eu amo São Francisco do Conde. Fui ao material de construção comprar barrotes de madeira e o moço me diz
você vai levar como? vai esperar o rapaz levar amanhã ou vai subir andando a rua?
E eu
como você sabe onde eu moro?
oxe, aqui, subindo a ladeira, na casa de Seu Angelo, é bom que fica com as pernas fortes, vai puxando
E eu olhando para a cara dele, falo
Eu amo São Francisco, viu? Eu não quero estar em outro lugar
E, se querem saber, eu não trouxe barrote de madeira nenhum.