Toni Morrison não está mais aqui e eu fiquei sabendo uns 15 dias depois da sua morte. Fiquei meio desnorteada na hora. Algumas pessoas nunca morrem, aquelas que amamos principalmente. Aqui estou eu escrevendo sobre ela num post que nem seria sobre ela, mas eu penso nela todas as vezes que penso em livro, todas as vezes que eu penso nas palavras escritas. Ensaiei algumas vezes escrever sobre ela aqui, mas vi que não conseguiria dizer direito o que é que eu sinto por alguém que não conheço mas que me ajuda a continuar sendo quem eu sou. Ela e Conceição Evaristo são as duas autoras que eu mais amo nesse mundo. Obrigada, Toni. Por tudo que fez e faz por mim.
Na velhice, relerei apenas os livros de Toni e de mais ninguém. De mais ninguém. Nessa vida, acho que só reli Geni Guimarães, minha outra conselheira sempiterna.
Conheci Buchi por causa de Chimamanda, como muita gente. Li alguma coisa sobre ela, sobre o quanto Buchi a tinha influenciado. Fui ver como eu me sentia com ela e estou aqui, arrebatada. Buchi escreve como se dissesse a todo mundo que todo mundo pode fazer isso, basta ter coragem e saber o que quer. Ela escreve como se fosse simples, como se fosse possível fazer isso sempre, quando dói, quando arde e quando cura. Eu não saberia escrever o que ela me faz sentir quando escreve, porque talvez seja mesmo inexplicável. Eu leio e penso "está tudo ali, ela só está me contando mas não precisa, está tudo ali". Olho para o lado e é como se eu visse as personagens todas dançando em minha frente.
Okpo confirmou com a cabeça. Seu rosto estava repleto de alegria e expectativa. Okpo, apenas dezessete anos de idade, e Adim, que chegava aos treze, pareciam tomados pela mesma emoção. Aquela emoção juvenil se mostrava imediatamente na superfície, sem inibição; eles não viam seus futuros com desesperança, eram entusiásticos, vigorosos e abertos (p. 271).
Eu preciso ler e escrever para nascer todos os dias. O livro As Alegrias da maternidade conta a história de Nnu Ego, filha de Agbadi com uma mulher que ele amava demais e que partiu cedo, Ona. De maneira irônica, lida com as dores e delícias da maternidade - ou maternidades, já que são muitas mães, muitas crianças - na vida de umas mulheres.
Leiam, ou não. Mas saibam, Buchi e a prova de que a simplicidade e a vida ordinária pode ser incrível e fantástica existe.