Você que me lê, me ajuda a nascer.

quinta-feira, agosto 02, 2018

Sentir é melhor do que saber (OPANIJÉ).

As coisas acontecendo e eu eufórica louca vivendo cada minuto da vida, um de cada vez. Encontrando coisas ótimas de ler na internet, descobrindo que eu sou mulherista africana sem nem saber disso direito, ra. Foi Anin Urasse que me contou isso. Tão bom, fiquei lendo e me encontrando, preciso dizer isso para ela. Minhas relações tem sido com os homens negros a fim de pensar a partir de outra ética de relação, que massa, não estou só e continuo indo de encontro à maioria.

Nem posso parar aqui para contar o quanto feliz estou. Comprei uma sandália linda e estou no meio de um filme também lindo, Mudbound (eu tou falando das imagens lindas de crianças brincando no meio do trabalho dos pais, como isso é nosso, de resto é o mesmo. Ao menos esse filme tem uma polifonia, ao menos). 

Mas eu também estou fazendo pareceres técnicos para congressos, escrevendo um artigo, fazendo exames admissionais, amando minhas amigas, sorrindo com um homem negro que não me apressa mais do que eu mesma me apresso na minha vida. Eu estou aqui, fazendo mil coisas e lembrando que preciso também escrever, para saber o quão bom é estar viva e ser eu mesma. 

Penso que escrevo mais quando estou mais reflexiva e talvez um pouco triste, me sentindo sozinha. Mas não, isso não é bom, eu preciso dizer das belezas que eu sinto na vida, com as pessoas que encontro na rua, com as crianças. Das coragens que eu tenho de continuar aqui, de viajar, de ouvir música, de deixar a porta do meu coração aberta para o amor e o carinho de umas declarações lindas escritas num app, eu preciso dizer que tudo isso existe e eu recebo tudo isso, sabe?

Às vezes me ouço falando uma frase pessimista e na mesma hora eu paro tudo e refaço aquilo, eu não posso fazer isso, eu sou feliz demais, viu? Eu tenho tanta coisa boa na vida, amizades, festas e viagens, amores, do que é que eu vou me lamentar? Eu já sofri tanto em todas as vidas que eu tive e tenho que eu tenho de celebrar minha existência, a despeito do estupro, do racismo, machismo, sexismo, branquitude, desamor, inveja, desânimo, genocídio... (a lista é grande).

Mas eu estou aqui. Em cor e corpo.

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