Não sei de nada. Cada dia que passa, mais tenho certeza que não. Mas, curiosamente, cada dia que passa, parece que as pessoas pensam que eu sei mais. Talvez eu finja melhor com a idade e as pessoas acabem achando que essa cara cansada é de sabedoria.
Não é. Eu cada vez menos incompreendo a vida. Aí leio uma coisa de Manuel de Barros, vejo um filme, paro para ver uma criança brincar, seu sorriso... respiro fundo de novo e caminho mais um pouquinho, um peso nos ombros, a idade, responsabilidade. Nem vou dizer que queria ser criança de novo, soa piegas demais.
Mas eu lembro de muita coisa de quando eu era criança, agora parece que mais que antes. Lembro até de cheiro, sensações, vergonhas, palavras e amores. Lembro mais, o corpo parece que para acordar me lembra do que eu já fiz. E me lembra de quando não tinha nada disso, o bicho papão era só a luz apagada que até o banheiro era a desculpa pra fazer xixi na cama.
A vida era boa, mas tinha suas coisas ruins também. O mais legal é que tinha coisa ruim que eu nem sabia que existia (se bem que hoje tem um monte que existe e eu nem sei também. Como desamor).
Não queria voltar no tempo.
Queria (sempre) ter mais tempo.
Pra olhar formiga andando na areia da praia, pra ler um livro de 735 páginas de novo, pra trocar fotos nos porta-retratos, pra ouvir música.
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