Estou a um tempo sem escrever aqui, mas continuo escrevendo por aí. Acabei de fazer um Facebook e, apesar de não achar a melhor coisa do mundo, aquela coisa te toma por algum tempo. Me prendo muito pelas imagens que tem ali, gosto de compartilhar textos e montar textos e fotos curtas, mas é só isso.
Achei o Facebook bem mais impessoal que o orkut. Não sei porque, mas não consigo estabelecer uma relação além disso que falei: escrever algo sobre coisas que me interessam e compartilhar. A cada dia que passa, tenho menos vontade de falar da minha vida. Pelo menos ali.
E aqui também.
Passei a greve inteira de Salvador muito tensa, por exemplo. Mas não pareceu. Não escrevi muito sobre isso. Algumas coisas me entristeciam, como pessoas me perguntando se o Carnaval ia acontecer ou não. Isso não era a coisa mais importante para mim, eu ficava pensando nas pequenas vendas de meu bairro sendo assaltadas por outras pessoas, com menos condições ainda. Ficava pensando se isso não aconteceria sempre e, agora, acabou virando "manchete" em jornal grande.
Se o Carnaval não acontecesse, se menos pessoas fossem para Salvador, tanto melhor (talvez). Quem sabe assim a gente pudesse curtir mais a nossa cidade sem precisar ter que ser cortês e gentil com os/as turistas que vem do mundo inteiro, passam trinta dias e querem sugar toda a nossa energia. Não quero entrar em detalhes sobre isso, é um assunto extenso e eu não quero falar sobre isso nem incitar nenhuma discussão. Só quero dizer, novamente, que eu estava completamente despreocupada se o Carnaval ia acontecer ou não.
Estou escrevendo todos os dias, essa é a minha condição agora. Sinto-me completamente tomada pelas palavras e elas me assaltam o tempo inteiro, dormindo, acordada, trabalhando, estudando. Estou feliz e excitada com o que tenho feito, onde eu tenho chegado. Há alguns dias, pelo Facebook, uma professora da Universidade onde me graduei disse estar muito orgulhosa de mim. Não consigo pensar nisso sem me emocionar demais. Ela foi uma das mulheres responsáveis por fazer-me sentir importante, bonita, inteligente. Ouvir isso assim, depois de um oi tímido, foi algo que eu realmente não esperava.
Todos os anos, quando começa o ano, eu tenho tantas surpresas com as crianças. Uma semana e já tantas histórias. Uma dessas crianças me tomou completamente: um menino negro de cinco anos que fala comigo como se me conhecesse há anos. Vejo nele tanta sabedoria que no primeiro dia que nos conhecemos, eu chorei sem saber o motivo. Do alto dos seus cinco anos, eu o vejo rei: senhor de sua própria vida, seguro de si e sem medo. Mesmo com todas as coisas que o assustam. Mesmo sendo tão frágil e sensível.
Perguntei, no quarto dia de aula
Você gosta de vir à escola?
E ele
Gosto, porque gosto de você.
Por essas coisas que eu (ainda) acho que não estou louca e o que eu preciso é muito pouco: estar junto, fazer junto. Ficar junto (se possível, abraçadinho).
Ainda no meio de tudo isso, histórias de amor.
Mas isso é outra coisa.
Como diz minha amiga Carol Garcia, o amor são umas pessoas.
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