Você que me lê, me ajuda a nascer.

domingo, março 21, 2010

Síndrome de Estocolmo.

Eu leio muita coisa boa na internet. Mas não posto tudo tudo tudo. Vai saber por quê. Preguiça, esquecimento, a ideia de que ninguém vai ligar... esse blog hoje foi uma coisa. Adoro road blog - vou usar o termo aqui por que acabei usando-o num post para Denise, dona do blog, e achei legal. Gosto de blog's de pessoas que moram aqui e ali e me contam um pouco da vida de lá, de cá, sem afetação ou deslumbramento. Só contar. Denise é assim. Mas além disso, ela é uma mulher também. E mãe. Ultimamente, acho que as mães são as únicas pessoas que salvarão o mundo, junto com as crianças - menores de seis anos. As mães são realmente demais. Achei bobeira uma vez que li uma moça dizendo que voltou pra Recife de saudades da mãe. Hoje eu sei o que é. Por que eu também vou voltar. Leiam lá quando puderem. Não acho que esteja escrevendo coisas legais ultimamente. Não mesmo. Não me dedico aqui como antes. Escrevo mais, mas não escrevo melhor. Aconteceram muitas coisas em fins de 2009 e começos de 2010 e fiquei assim-assim, encruada, encolhida, esquecida, dentro de minha própria vida e dentro da vida que tenho do lado das crianças, não quero escrever. Não quero fazer muitas coisas. Se eu pudesse escolher, só crianças, livros, conversa, músicas e mãe. Mas não dá pra escolher tudo que se ama. Mainha no telefone perguntou o que você tem, e eu não disse. Nem vou dizer aqui. Acho que uso o cinema, o teatro, as exposições, os shows, para me anestesiar da vida que levo. Que às vezes é bem dolorosa. Umas pessoas jogam. Outros veem pornografia. Outras bebem. Umas fumam. Eu acho que invento que tá tudo bem, sentando duas horas numa cadeira e vivendo aquela vida que me apresentam pela telona. E no teatro, e em tudo aquilo ali. Não é fácil. Não consigo parar também. Tenho essa coisa de querer sempre estar fazendo alguma coisa, dormir pouco. Mas não quero ansiedade. Faz a gente dormir mal e ranger os dentes, comer rápido e falar embolado. Não quero meia-vida. Muita gente não acredita que eu realmente gosto de pensar na minha vida, daqui alguns anos, morando num pequeno sítio, plantando alface e couve-flor, regando as flores e chupando manga do pé. Talvez achem que é um sonho de quem mora em cidade grande. Só um sonho. Que é mentira, que vou sentir falta do cinema e da badalação, das feirinhas no centro da cidade e da comida japonesa. Não é mentira, vou sentir falta. Assim como agora sinto uma falta absurda de terra, de folha, de mato e bicho. De criança correndo na praia. De vento com cheiro de sol quando bate na pedra - não sei explicar como é direito, mas tem cheiro o sol quando bate na pedra, meio do mar -, sinto falta falta falta e me falta o ar, acho que preciso ir pra longe daqui pra ver o tanto que é a falta que vou sentir de cinema, de comida, de feirinha. Coisas que enfim, posso arranjar em qualquer lugar, com algum esforço. Por que tudo é só paliativos da vida moderna, criados para aguentarmos viver a tal da vida moderna. Sendo assim, de verdade? Acho que a falta de vida faz mais falta que todos esses penduricalhos da cidade grande. Sabe o que eu acho mais engraçado? Yoga pra dar um tempo, psicólogo pra te ouvir. Tudo embromação. A gente sempre morre aos poucos, sempre mais infeliz. Fico lendo os blogs e querendo que aqui tenha mais cor, fotos, músicas, links. Mas não. Esse não seria o meu blog. A vida real é bem menos divertida, já diria Mano Brown. Acho que as pessoas que ainda vem aqui vem pelo que escrevo. Estando triste ou alegre.

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