Você que me lê, me ajuda a nascer.

terça-feira, janeiro 05, 2010

A-pegação.

Me apego, me apego. Números, cadeiras de cinema, copinhos de café. Presenticos, adesivos, pedacinhos de papel, letras. Sou uma romântica inveterada, embora não acredite no amor. Sou uma velha rabugenta também. Não me peçam para trocar o número do meu cartão de dois anos atrás – eu quero que seja o mesmo –, quando me roubaram a bolsa dentro de um restaurante eu fiquei triste por que minha carteirinha de natação mudou, minha identidade também, tinha foto de 10 anos atrás, tinha uma história, entende? Agora é desde 2009, e não tem graça nenhuma. Respiro fundo, eu que falo tanto em mudanças, me apego, me apego. Gosto dessas coisiquinhas por que talvez me lembrem mesmo com as mudanças todas de vida, de amor, de paixão e cidade, eu ainda continuo aqui, são minhas referências, mesmo café Bahia, mesma sandália de couro, nesse pedaço de papel sou eu e meu amigo de anos atrás, tenho medos de me dissolver.

Por que não, eu não sou forte. Ligo pra ele e minto coisas. Digo que estava meio alta. Mas resisto. Agora não faço mais isso não. Nem é porque mudamos de ano. É que digo para mim que criei vergonha na cara. Mas acho que criei mesmo. Num chora pelo que tu nunca teve, fia.

Escrever melhora. Conversar também. Mas tem gente que não gosta de conversar. Mainha gosta. Tem horas que eu não gosto. E aqui eu aprendo a conviver com essa diferença toda, dividir coisas e casa e quartos e computadores. Não é fácil. Mas é gostoso. É gostoso ter tentado e conseguir, outras vezes não conseguir. Esse balanço todo de tudo embala a vida. A gente quer ir dormir contente do serviço feito, mas nem sempre é possível. Aí tem o outro dia que tem mais coisas para se fazer. E você esquece da dor de ontem. Das decepções e das coisas que tinha para fazer. Tem coisa que era para fazer ontem. E ontem já foi... não dá vontade de fazer mais. Acontece.

Aliás, parece que a vida gira sempre nessa toada. Drummond até já disse isso. Vaievemviraporquetornaahistóriaésemprequaseamesma. Amor, ódio e uma pitadinha de inveja. Às vezes é só amizade. Acho que é a parte mais legal de tudo. Se você conseguir isso, bata palminhas e seja feliz.

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