Você que me lê, me ajuda a nascer.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Amigos.

Há amigos velhos e velhos amigos.
Serve tudo.
Mas existem amigos novos que parecem-se com velhos amigos quando te olham e calmamente suspiram querendo te dizer
não, não tem jeito, nem caindo se aprende
E como ele é um amigo novo com jeito de velho amigo, não posso refutar. Ouço João Borba com samba de Jorge Costa dizendo
só vai na onda quem sabe nadar
E vejo que quem não gosta de samba, é realmente ruim da cabeça. Quem ouve samba, sabe tudo, e não dança.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Novela.

Próxima Novela das onze e quarenta e cinco:
Migh, a Tola.
Numa vida real bem pertinho de você.

Morte.

quando tu morre, fica só os retrato Disse o moço, sentado no ônibus do meu lado. Sorri. Ele tinha medo da morte. Eu fingia que não. Dava risada da cara de medo dele quando eu dizia que a morte vinha pra todo mundo. Mas a verdade é que depois que tanta aconteceu eu não tenho medo de quase nada. Só de dormir.

quarta-feira, setembro 23, 2009

Passista.

Ela traz samba dentro dos olhos Um acorde perdido pelos morros No coração swing e cadência Ritimicado e sem falha Abandonei revólver e navalha Pra adormecê no seu batuque Minha preta.

(Akins Kinte)

terça-feira, setembro 22, 2009

Racismo.

professora, não é que é racismo se eu chamo alguém de preto? depende, depende de como você usa o termo Levanta uma outra criança e diz se você me xingar de preto, posso te processar por que isso é racismo, mas se você me chama de pretinho, depende, né? E vira pra mim: mas ele nem pode me xingar de preto, né professora, ele também é, não é?

Eu canto.

Não resisti quando vi essa menina preta Roubei pra mim. Lembrei quando mainha penteava meu cabelo pra ir à escola e eu ainda nem sabia que ia precisar usar óculos, precisava sentar bem na frente e minhas colegas lá do fundo reclamavam do meu cabelo, davam risada dos meus pompons. E eu tinha - ou tenho? - um narizinho assim, mainha falava que era narizinho que o boi amassou Não sei de onde ela tirava essas coisas. Mas ela é mãe, não precisa se explicar. Liiiindo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Tudo bem.

Faça o teste. Quando alguém perguntar tudo bem, aproveite pra dizer não tá não, para ver só o que acontece.
A pessoa se senta, faz cara de preocupada, te pergunta o que aconteceu, fica triste, compadece. Chama outras pessoas pra ouvir, dá dó. Mas se tu responde tudo bem, não dá ibope. E parece que as pessoas se preocupam mais, por que ser feliz não tem graça, é isso, né, ela tá feliz, ah, deixa ela pra lá, que droga, né? Nem tem nadinha assim pra gente sapatear em cima.
A desgraça vende mais. Tanto é que um dia desses saiu uma manchete de capa boa no jornal e eu guardei, se tivesse câmera tirava foto e botava aqui. Falava assim
emprego aumentou pra caramba
Fiquei boquiaberta de feliz. Mas não vende. Eu também acho graça quando noticiam
a popularidade de lula cai de 76,8 por cento para 72,4 por cento
Vejam vocês, nenhum presidente teve tanta popularidade, e todo mundo torce o nariz pra esses tais "institutos de pesquisa", mas mesmo assim gasta-se dinheiro fazendo uma matéria dessa. Como diz minha mãe
o errado é que tá certo
Tem amiga que diz pra mim, quando perguntarem, não diga tudobem assim rapidinho, faz cara de tristeza, fala um tudo bem doído, pra não secar nada. Eu tou fugindo dessas coisas.
Ópaí, ó.

Mãe Hilda Jitolu.

Foto extraída do site Ilê Aiyê
O grupo cultural Ilê Aiyê está de luto. Faleceu, hoje, às 10h30, sua líder espiritual, Mãe Hilda Jitolu.

domingo, setembro 20, 2009

Wynton Marsalis Assistam e sejam felizes, assim como eu e o menininho preto.

Tristesse.

Tem tanta coisa triste acontecendo e eu fico triste pensando na tristeza dos outros, mas esqueço que aqui do lado também tem coisa a ser feita.
Então, só por um momento, vou pensar em mim.
Queria que esse tempo durasse mais, mas volta e meia fico pensando no que ela tá sentindo e se minha dor vale a pena.
Deixa tudo isso pra lá.
Não quero falar mais.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Questão.

Na hora de contar uma história do livro de Rogério Andrade Barbosa, Histórias Africanas para contar e recontar, a criança me diz quando vê ilustração Na África todo mundo é preto E eu falo E na Europa tem muito branco Aí ele me faz a questão, como dizia minha vó E por que aqui no Brasil a gente tem um bocado de cor assim, professora? Quer saber o que eu respondi? Não vou dizer. Mas o que você responderia? Aproveitando falar de livros, o livro Neguinho Aí, de autoria de um tal Luís Pimentel, merece ser retirado das livrarias, sob acusação de racismo. Já na contracapa, ele diz: neguinho aí é qualquer criança pobre, independente da cor Engraçado, né? Se é tão independente da cor, por que o livro não poderia ser Branquinho aí, para falar das crianças pobres? Pra não dizer do resto, texto e ilustração (blé!) Vou ver o que consigo fazer contra.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Chuva.

Lá fora está chovendo, e ainda bem que eu não preciso ir correndo pra ver meu amor passar.
Ele ainda dorme.

domingo, setembro 13, 2009

Nostalgia.

a saudade mata a gente a saudade é dor pungente Música cantada por Bethânia, não sei quem escreveu, não quero procurar. Por que eu tava num samba semana passada e o moço perguntou isso mesmo, de quem é a música, de quem escreve, de quem canta e ele disse é de quem ouve. Recebi um email lindo de amor e de amizade hoje cedo, então eu sou feliz. Incrível como algumas pessoas, mesmo sem te conhecer, falam coisas sobre você que você também acha, mas fica com medo de dizer il m'a semblé que ta fréquentation assidue des salles de cinéma démontrait un besoin impérieux de te sortir de ta vie quotidienne. J'ai probablement dû être un "petit" moyen d'évasion pour toi É isso aí tudo mesmo. Eu acho que há muita descoragem no mundo. De descor mesmo, de descorajosas pessoas também. É um dia bonito demais para se dizer isso. Tem sol. Mas é preciso ter coragem. Pelo menos um pouco, todos os dias, ao se levantar pela manhã. Malfada com seu pouco tempo de vida acordava e às vezes não queria pôr os pés no chão, no mundo. As crianças, as baratas e as mães é que salvarão o mundo.

sexta-feira, setembro 11, 2009

De novo.

É bom mudar. Eu acho, né?
A mocinha veio toda esperta me contar que ela não ia mais com o transporte da escola, pai e mãe sem dinheiro para pagar a mensalidade. Mas ela arrematou
mas eu gosto mais assim, não gosto de ir de perua pra casa, agora minha mãe e meu pai tem que vir me buscar, eles não gostam, mas eu gosto mais de ir com eles, por que eu quase não vejo eles
E hoje, quando ela chegou, na moto do pai e com o sorriso largo, entendi o que ela queria dizer. É a mesma mocinha que no meio da tarde senta quietinha no canto e eu pergunto por que e ela diz
fiquei com saudade da minha irmã Bibi
É pra isso mesmo que a gente vive.

Malcolm X.

Eu também posso ser tiete, né? Mas só um pouquinho. Além de lindo, inteligente. Sensível e bem-humorado? Não dá pra ter certeza, mas eu finjo que posso ver isso por detrás das lentes e suspiro, suspiro. Candidatos a namorado de Migh não precisam ter ciúmes de mais ninguém. Ninguém.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Chora não.

Tava eu aqui querendo consolo quando uma moça preta amiga de tempos mas mais de online mandou essa: chora não, num chora pelo que tu nunca teve, fia Limpei as lágrimas, nem chorei. Ela tá mais que certa e me fez lembrar que deve ser por isso também que o povo preto num chora. Nunca teve piedade pra pensar em chorar por ela. Por isso fez mais bonito e me dá mais orgulho ainda. Essa moça preta. Eita.

terça-feira, setembro 01, 2009

Não é bem assim.

Quando você olha pra trás e vê que não foi bem assim, dá tristeza. E dá preguiça de começar de novo. O que é bom de fazer? Deitar na cama e esperar a vontade de chorar passar. Faz tudo de novo, quem sabe? É uma briga com seu coração. Amadurecer.