Como prometido, um breve relato da situação aqui no Grajaú, ou mais precisamente no bairro Jardim Lucélia.
No ano passado a Prefeitura desalojou dezenas de famílias que viviam numa área de córrego aberto com a intenção de canalizar a área. A desalojação foi absurda, as famílias tiveram apenas uma semana para aceitar os 5 mil reais oferecidos e saírem do local. Algumas manifestações foram feitam, mas no fim das contas nada pôde ser feito.
As obras começaram ainda no ano passado, e para surpresa dos moradores dos arredores, as casas que até então nunca tinham tido problemas de alagamento foram invadidas pelas águas das chuvas.
O ápice aconteceu há dois dias atrás quando a forte chuva que assolou nossa cidade invadiu boa parte das casas e acabou com o patrimônio de várias famílias.Os moradores contactaram os bombeiros, que devido a sobrecarga de trabalho não apareceram. Dentro de poucas horas os moradores revoltados se reuniram na avenida que corta o bairro (Av. Dna. Belmira Marin) e iniciaram um protesto.
Logo a polícia chegou.
A repressão foi desproporcional, e o único motivo que impediu o CHOQUE de estar no local, foi que simultaneamente uma outra população carente protestava na Avenida do Rio Bonito, também por conta dos estragos da chuva e descaso do poder público.
No dia seguinte, logo pela manhã, os moradores do Jardim Lucélia se organizaram mais uma vez, e conseguiram dois ônibus (através da empresa Viação Cidade Dutra que também fica no Grajaú) para os levarem até a subprefeitura da Capela do Socorro.
Na subprefeitura conseguiram o compromisso que até aquela tarde um trator iria até o Jardim Lucélia retirar o excesso de barro, além de caminhões contendo comida e colchões para aqueles que precisavam.
A tarde passou, e no início da noite nenhum sinal da ajuda.
A população revoltada ocupou a avenida, trazendo também todos os móveis destruídos pelo alagamento. Por um bom tempo a manifestação transcorria bem, quando um grupo mais exaltado de moradores exigiu que o motorista e passageiros de um ônibus no local se retirassem para que fosse ateado fogo no ônibus.
Esse ato de revolta, realizado por uma minoria dos manifestantes, e totalmente compreensível dado o absurdo da situação, foi o estopim para que a região fosse infestada de policiais fortemente armados e sem suas identificações, assim como para que a impressa televisiva classificasse a manifestação como uma ação de vândalos arruaceiros. A subprefeitura, numa nota mentirosa, disse que havia enviado recursos de ajuda e que os moradores haviam impedido a entrada dessa ajuda no local.
Até hoje pela manhã um helicóptero da policia militar fazia rondas pelo céu de nossa região. A prefeitura ainda não comentou o assunto oficialmente e o clima fica cada vez mais tenso.
A população envolvida no caso é carente, e apesar de possuir uma associação de bairro, ainda enfrenta dificuldades de se organizar ante o ocorrido.
Moro há 15 minutos do Jardim Lucélia (morei durante 03 anos por ali), por isso não estou diretamente envolvido em todo ocorrido, nesse momento penso em alguma maneira de desfazer o imenso emaranhado de mentiras elaborado por prefeitura e mídia, e que engana até a população dos bairros vizinhos.
Detalhe Irônico, deixado propositalmente para o final:
Uma das reivindicações dos moradores do Jardim Lucélia é que a SABESP restabeleça o fornecimento de água para região, para que possam limpar suas casas. Explico, a tubulação de toda região do Grajaú está sendo trocado e portanto estamos há 3 dias sem água. Sim, FALTA ÁGUA.
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