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quinta-feira, janeiro 21, 2010

Água.

Diego Navarro escreve, eu recebo em minha caixa de emails

Como prometido, um breve relato da situação aqui no Grajaú, ou mais precisamente no bairro Jardim Lucélia.

No ano passado a Prefeitura desalojou dezenas de famílias que viviam numa área de córrego aberto com a intenção de canalizar a área. A desalojação foi absurda, as famílias tiveram apenas uma semana para aceitar os 5 mil reais oferecidos e saírem do local. Algumas manifestações foram feitam, mas no fim das contas nada pôde ser feito.

As obras começaram ainda no ano passado, e para surpresa dos moradores dos arredores, as casas que até então nunca tinham tido problemas de alagamento foram invadidas pelas águas das chuvas.

O ápice aconteceu há dois dias atrás quando a forte chuva que assolou nossa cidade invadiu boa parte das casas e acabou com o patrimônio de várias famílias.Os moradores contactaram os bombeiros, que devido a sobrecarga de trabalho não apareceram. Dentro de poucas horas os moradores revoltados se reuniram na avenida que corta o bairro (Av. Dna. Belmira Marin) e iniciaram um protesto.

Logo a polícia chegou.

A repressão foi desproporcional, e o único motivo que impediu o CHOQUE de estar no local, foi que simultaneamente uma outra população carente protestava na Avenida do Rio Bonito, também por conta dos estragos da chuva e descaso do poder público.

No dia seguinte, logo pela manhã, os moradores do Jardim Lucélia se organizaram mais uma vez, e conseguiram dois ônibus (através da empresa Viação Cidade Dutra que também fica no Grajaú) para os levarem até a subprefeitura da Capela do Socorro.

Na subprefeitura conseguiram o compromisso que até aquela tarde um trator iria até o Jardim Lucélia retirar o excesso de barro, além de caminhões contendo comida e colchões para aqueles que precisavam.

A tarde passou, e no início da noite nenhum sinal da ajuda.

A população revoltada ocupou a avenida, trazendo também todos os móveis destruídos pelo alagamento. Por um bom tempo a manifestação transcorria bem, quando um grupo mais exaltado de moradores exigiu que o motorista e passageiros de um ônibus no local se retirassem para que fosse ateado fogo no ônibus.

Esse ato de revolta, realizado por uma minoria dos manifestantes, e totalmente compreensível dado o absurdo da situação, foi o estopim para que a região fosse infestada de policiais fortemente armados e sem suas identificações, assim como para que a impressa televisiva classificasse a manifestação como uma ação de vândalos arruaceiros. A subprefeitura, numa nota mentirosa, disse que havia enviado recursos de ajuda e que os moradores haviam impedido a entrada dessa ajuda no local.

Até hoje pela manhã um helicóptero da policia militar fazia rondas pelo céu de nossa região. A prefeitura ainda não comentou o assunto oficialmente e o clima fica cada vez mais tenso.

A população envolvida no caso é carente, e apesar de possuir uma associação de bairro, ainda enfrenta dificuldades de se organizar ante o ocorrido.

Moro há 15 minutos do Jardim Lucélia (morei durante 03 anos por ali), por isso não estou diretamente envolvido em todo ocorrido, nesse momento penso em alguma maneira de desfazer o imenso emaranhado de mentiras elaborado por prefeitura e mídia, e que engana até a população dos bairros vizinhos.

Detalhe Irônico, deixado propositalmente para o final:

Uma das reivindicações dos moradores do Jardim Lucélia é que a SABESP restabeleça o fornecimento de água para região, para que possam limpar suas casas. Explico, a tubulação de toda região do Grajaú está sendo trocado e portanto estamos há 3 dias sem água. Sim, FALTA ÁGUA.

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